O empresário Paulo Marinho prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) do Rio por quase 3 horas nesta quinta-feira (21) e disse que entregou provas ao MPF sobre o suposto vazamento da Operação Furna da Onça.
No domingo, Marinho afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que um delegado da Polícia Federal antecipou ao senador Flávio Bolsonaro a informação de que a operação seria realizada. O parlamentar nega as acusações e diz que o empresário, que é seu suplente na chapa, estaria interessado na vaga.
Na véspera, Marinho já havia prestado depoimento na sede da Polícia Federal sobre a denúncia que fez na entrevista. Segundo o MPF, são duas investigações paralelas: uma no órgão e outra na PF.
O coordenador do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MPF, Eduardo Benones, declaraou que o depoimento foi “produtivo” e ainda vai analisar se outras pessoas serão ouvidas.
“Vamos aprofundar as investigações. No mínimo, temos razão para crer que os fatos merecem ser investigados”, disse.
Marinho pede investigação de suposta ‘devassa’
Ao final do depoimento, o empresário exibiu um papel impresso com uma matéria do site “O Antagonista”, com a manchete “Paulo Marinho sofre devassa em contas bancárias”. Ele se disse surpreso com a informação e pediu que o caso seja investigado.
“A questão que me deixou mais perplexo foi a notícia que li hoje de manhã num site prestigioso que informa que estão sendo feitas devassas nas minhas contas pessoais por pessoas poderosas de Brasília. Por conta dessa notícia, aproveitei o depoimento que dei agora e solicitei ao procurador que tomasse as medidas devidas em relação a essa notícia e apurasse a veracidade.”
Operação Furna da Onça
A operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato, culminou na prisão de parlamentares do estado em novembro de 2018. Foi durante essa ação que os investigadores chegaram ao nome de Fabrício Queiroz, suspeito de administrar um esquema de”rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro.
O vazamento da operação teria sido feito por um delegado da PF, segundo Marinho. O empresário foi um dos principais apoiadores da campanha de Jair Bolsonaro e é suplente do senador Flávio Bolsonaro. Várias reuniões do grupo político ocorreram na casa de Marinho.
O senador nega as acusações e atribui a denúncia ao suposto interesse de Paulo Marinho em obter a vaga no Senado.
“O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Dória e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado. Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos”, diz Flávio Bolsonaro, em nota.
Suposto vazamento a Queiroz
A defesa de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi informada em agosto de 2019 sobre a existência de um inquérito sigiloso da Polícia Federal no Rio de Janeiro no qual o ex-PM era citado. A revelação foi feita nesta quinta-feira (21) pela Folha de S. Paulo.
A informação surge poucos dias após o empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro no Senado, dizer ao mesmo jornal que houve um vazamento da Operação Furna da Onça pouco antes do segundo turno da eleição de 2018, em outubro.
A reportagem da Folha de S.Paulo revela que um inquérito foi instaurado em fevereiro de 2019 pela Polícia Federal para apurar crimes de evasão de divisas praticada por um delegado do Rio Grande do Sul.
A investigação corre sob sigilo e foi baseada com base em um relatório do Coaf de julho de 2018. Segundo a Folha, este relatório cita 10 pessoas, incluindo Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz.
Em agosto do ano passado, o então advogado de Queiroz pediu acesso ao inquérito. Ela frisou que ele não constava como investigado ou indiciado e, por isso, não poderia ter acesso integral ao processo.
A magistrada permitiu que o advogado de Queiroz tivesse acesso à cópia do relatório do Coaf que o citava.