Após visita à Ceasa Minas, Seagri Produz Termo de Referência para Criação de Projeto da Ceasa Rondônia

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Em busca de mais conhecimento sobre os modelos de gestão das Centrais de Abastecimento de Produtos Alimentícios (Ceasas) no país, o responsável pelas tratativas de implantação do projeto em Porto Velho, José Paulo Ribeiro Gonçales, esteve, na última semana, visitando o Ceasa em Minas Gerais, onde pode captar detalhes quanto ao funcionamento naquele estado.

Engenheiro agrônomo da Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), José Paulo conta que a experiência foi produtiva e com dicas valiosas para a criação do projeto de uma Ceasa em Rondônia. “No início deste mês ocorreu a reunião semestral entre os presidentes de todas as Centrais de Abastecimento do país. Eu estava como ouvinte e pude conhecer os objetivos de funcionalidade tanto da parte operacional quanto econômica”.

A principal recomendação dos presidentes é que a Ceasa Rondônia não comece com economia mista. “Que não seja uma empresa do Governo, mas uma ação de Governo. Que a gestão seja em parceria com os permissionários, dando assim maior fluxo e diminuir os custos, que é o que eles estão equalizando para que, com a provável mudança, haja melhor relacionamento nas centrais já existentes”, conta.

O engenheiro diz que a fase agora é de estruturação do projeto. “Vamos ter que montar um termo de referência com todas as informações e conhecimento que já reunimos, editar um formato e lançar um edital para que as empresas interessadas em construir, ou até mesmo administrar o Ceasa em Rondônia, possam se manifestar”, explica. José Paulo fala ainda sobre a estrutura física observada na Ceasa Minas, em Contagem, que é a segunda maior do Brasil.

“O tipo de construção disponível para os permissionários é ainda da década de 1970, e está desatualizado em relação à plataforma, as ruas são estreitas e não mais adequados aos veículos grandes que transitam no espaço, e são situações reais em todas as centrais antigas, como os setores de câmaras frias- que precisam ser repensados, pé direito dos pavilhões também devem ser modernizados, o fluxo de acesso de visitantes, funcionários e veículos de carga que é em uma mesma entrada, enfim, tudo é ultrapassado em relação à demanda atual”.

Diante das constatações, José Paulo considera que a Ceasa em Rondônia poderá ser a mais moderna e dinâmica do país, pensando em todas as dificuldades das demais centrais, e construindo uma plataforma bem mais funcional para o estado. O engenheiro agrônomo teve acesso ao exemplo de eficiência do banco de alimentos, onde 70 toneladas de alimentos são doados pelos permissionários e produtores e, separados por qualidade, gerando um aproveitamento dos produtos que seriam descartados e acabam sendo destinados a associações e entidades.

Outro trabalho realizado pelo modelo de gestão em Minas Gerais, é o Banco de Desidratação. “Por exemplo, se tem uma cenoura já danificada quase em sua totalidade, e 30% dela pode ser aproveitado, a parte do produto é higienizado, passa por uma máquina fatia em tiras finas, e é desidratado. São feitos kits de sopa solidária e isso é distribuído a empresas que fazem doações para a manutenção do Ceasa, e que tem interesse em adquirir os kits para ações sociais. Desta forma a central se torna autossustentável”.

Dos resíduos gerados dentro do Ceasa Minas, José Paulo conta que, de 30%, com as ações de aproveitamento caíram para menos de 7%, do que não é aproveitado como alimento. “Esse total, eles estão transformando em adubo orgânico. Tudo isso feito dentro de um espaço próprio para o serviço, o que volta diretamente para o produtor e até mesmo hortas escolares, enfim”. Temos também intenção de colocar no nosso projeto o Banco de Caixas Plásticas, que substituem as de madeira e geram melhor aproveitamento dos produtos e mais higiene. Eles alugam para os produtores, que nem precisam ter as suas próprias para fazer o transporte de seus produtos. O Banco processa 1 milhão de caixas por mês, fazendo a higienização e o faz o giro, sendo explorado por uma empresa privada, melhorando a qualidade e atendendo aos critérios sanitários”.

Outra ideia é ter no Ceasa Rondônia um entreposto de pescado, que pode até ser administrado por uma entidade de classe ou empresa privada.

“O importante é termos um ponto de referência no qual as grandes empresas do país possam encontrar o nosso produto no padrão desejado, sendo oferecida estrutura mínima necessária para receber, classificar, e estocar quantidades que o mercado requer”, declara José Paulo.

Com um levantamento em mãos realizado pela Secretaria de Finanças do Estado (Sefin), José Paulo diz que em 2018 vários estados venderam produtos de hortifrúti para Rondônia, atingindo um total de 70.763 toneladas, sendo somente do estado de São Paulo 59% dos produtos. “Com esses dados temos como estratificar os produtos que vieram, e o que temos condições de produzir no estado, gerando economia e fomento à produção local, com preços bem mais acessíveis ao consumidor final. Ou seja, esses dados irradiam políticas públicas para a agricultura familiar”

O responsável conclui que, do andamento, além do termo de referência que está sendo produzido, ajustes com os parceiros públicos e privados estão sendo fechados e, principalmente com os produtores e feirantes, que devem participar e entender esse processo para que a implantação do Ceasa seja positivo e produtivo para todos. “A área para a construção já está sendo regulamentada, que é à margem da BR-364, em frente ao Santa Marcelina. O local é favorável para o acesso aos veículos de carga que irão abastecer Porto Velho, e próximo ao anel viário, para desvio dos que vão seguir viagem a Manaus, sem atrapalhar o fluxo de trânsito dentro da cidade”.

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