São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 16, que o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSL), seu filho, teve razão ao afirmar numa postagem recente no Twitter que, “por vias democráticas, a transformação que o Brasil quer não acontecerá no ritmo que almejamos”.
“É uma opinião dele e ele tem razão”, disse o presidente, em entrevista à RecordTV. “Se fosse em Cuba ou na Coreia do Norte, já não teria aprovado tudo quanto é reforma, sem Parlamento?”, questionou.
De acordo com Bolsonaro, a transformação mencionada pelo filho demora porque tem a “discussão, e isso é natural”. “Ele até falou o óbvio”, disse. “Pelo amor de Deus, há alguma manifestação minha, dizendo que a democracia não pode ser feita diferente?”
O presidente disse que muitos o pressionam como se ele tivesse o poder de influenciar o Parlamento brasileiro. “Não tenho esse poder e nem quero ter esse poder em nome da democracia”, declarou.
Sobre a reforma da Previdência, que tramita no Senado, Bolsonaro declarou que, “se Deus quiser, este mês, tudo será resolvido”. “Há quantos anos tentaram fazer uma reforma da Previdência próxima da nossa e não conseguiram?”, perguntou.
ONU
O discurso que o presidente fará na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na próxima semana, em Nova York, será “conciliatório”, mas reafirmará “a questão da nossa soberania e do potencial que o Brasil representa para o mundo”.
Na entrevista à Record, Bolsonaro prometeu um pronunciamento “diferente” dos feitos pelos presidentes que o antecederam na ONU. “Já comecei a rascunhar o discurso”, afirmou.
O presidente anunciou que no dia 23 decolará para os Estados Unidos para a abertura da Assembleia Geral da ONU. “Eu tenho que estar preparado para justamente sustentar um discurso de 20 minutos. Eu falei um tempo atrás que iria de qualquer maneira, nem se fosse de cadeira de rodas, com todo o respeito aos cadeirantes, e, graças a Deus, isso vai ser possível”, assegurou.
Bolsonaro afirmou ainda que despachará, a partir desta terça-feira, 17, do Palácio da Alvorada, residência oficial. “Já estou angustiado e quero participar da vida ativa do Brasil”, disse. O presidente disse que “conseguiu” dos médicos que não fosse para o Palácio do Planalto e ficasse no Alvorada, por enquanto.
Petrobras
O presidente também confirmou que a Petrobras vai segurar o preço da gasolina, apesar da disparada no valor do petróleo após os ataques a refinarias na Arábia Saudita, ocorridos no fim de semana. Bolsonaro afirmou que conversou sobre o assunto com o presidente da estatal, Roberto Castello Branco.
Bolsonaro disse que a tendência natural seria seguir o preço internacional, que “viria para a refinaria, para a bomba no final das contas”.
“O governo federal já zerou seu imposto federal, que é a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Não podemos exigir nada dos governadores no tocante a ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)”, disse o presidente. “Mas, o que acontece… Conversei com o presidente da Petrobras e ele disse que, como é algo atípico e tem um fim para acabar, ele não deve mexer no preço do combustível”, declarou Bolsonaro.
“Nova CPMF”
Sobre a possibilidade de criar um novo imposto sobre transações financeiras — apelidado de nova CPMF — Bolsonaro declarou que não irá insistir na sua aprovação. Bolsonaro afirmou que até se pode falar em CPMF e deixar o povo discutir, mas “não pode ser uma proposta de governo”.
Ele disse que o então secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, ficou “insustentável” no cargo depois de defender a criação de uma nova CPMF e que quem o exonerou foi o ministro da Economia, Paulo Guedes. Cintra foi demitido na semana passada.
Bolsonaro afirmou ainda esperar um “impacto muito rápido” na economia com os saques de R$ 500 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que começaram no fim de semana. Segundo o presidente, a situação econômica não está ainda nos níveis que ele esperava.