Usuários de aplicativos de transporte têm relatado casos em que pagaram contas muito mais altas do que o esperado e, quando verificam o trajeto feito, constatam um mapa todo “tremido”, como se o carro tivesse feito um trajeto em zigue-zague (veja a imagem abaixo). Eles começaram a chamar isso de “golpe tremidinha” ou ” golpe treme-treme”.
O caso acima aconteceu no Rio de Janeiro, na última terça-feira (22).
“Tremidas” no trajeto podem ocorrer por problemas no sinal do GPS. O erro pode ser causado por falhas de sinal ou sistema, mas, em alguns casos, motoristas também podem agir de má-fé e interferir no sinal para aumentar o preço da corrida — o que caracteriza fraude.
Em ambos os casos, o passageiro não percebe nenhuma alteração durante o trajeto. É apenas o GPS que, por causa da precisão reduzida, não marca caminho percorrido corretamente.
O GPS é responsável por rastrear a localização do celular e, quando ele não funciona direito, a localização “pula” de um lugar para outro nos sistemas que registram essa informação.
Além dos casos comuns de perda de sinal, isso pode acontecer se o cabo que carrega o celular não for conectado ou apresentar defeito, acionando a economia de energia automaticamente, o que prejudica a precisão do GPS.
Só pelo trajeto tremido que aparece no mapa não dá pra saber.
Caso o app tenha registrado o percurso de forma incorreta, é preciso falar com o suporte do aplicativo e pedir uma análise da corrida. Só assim será possível determinar se o que ocorreu foi uma falha de serviço, algum descuido do motorista – como não ter finalizado a corrida após o desembarque – ou fraude.
Quando isso ocorre de forma intencional, a prática é proibida pelos termos de conduta das plataformas.
Procurada pelo G1, a 99 afirmou que “motoristas ou passageiros que tenham indício desta situação podem denunciar, para que a empresa possa atuar com prioridade”.
A Uber disse que, caso ocorra algum tipo de cobrança nesse sentido, o usuário pode denunciar o problema pelo próprio aplicativo.
“Temos equipes e tecnologias próprias que analisam viagens suspeitas para identificar tais violações e, caso comprovadas, banir as contas dos envolvidos, conforme previsto nos Termos e Condições de Uso da plataforma”, informou a Uber.
A empresa afirmou ainda que o valor que aparece no aplicativo ao chamar o motorista já é o valor final da viagem. Cobranças maiores que o preço informado são proibidas.
E que oferece uma série de orientações para melhorar a precisão e o sinal do GPS.
Como os motoristas que violam as regras dos aplicativos podem ser expulsos ou suspensos, alguns tentam contornar essa limitação comercializando contas em vários canais, inclusive em grupos de Facebook.
Usando contas falsas, os motoristas podem se arriscar em práticas que normalmente os impediriam de continuar atuando nos aplicativos.
É possível encontrar contas sendo oferecidas por valores entre R$ 200 e R$ 600, mas alguns motoristas reclamam que, mesmo após fazer o pagamento, eles foram vítimas de “171”.
Como o número se refere ao artigo do Código Penal para o crime de estelionato, isso significa que algumas dessas ofertas são falsas ou que as contas não funcionam como prometido.
O Uber não comentou quais medidas são adotadas para coibir essa prática, mas a 99 revelou que desenvolve ferramentas de identificação e orientou os passageiros a denunciar casos em que o motorista não é o mesmo que aparece na foto.
“A empresa utiliza recurso de reconhecimento facial, que identifica automaticamente e periodicamente o rosto dos condutores antes de eles se conectarem ao app. Passageiros também são convidados a verificar se a imagem do motorista bate com quem realizou a corrida, antes e depois da chamada”, informou a 99.
A empresa ainda acrescentou que verifica o histórico e o licenciamento dos motoristas interessados em fazer parte do serviço.