Se viagem espacial não é muito a sua, mas sim uma tela maior para seu smartphone, 2020 também pode ter algumas novidades para você.
Mas se acha que já existem celulares demais por aí e a indústria de tecnologia precisa ser menos descartável, talvez algumas empresas tecnológicas tenham entendido o que você está buscando.
Veja abaixo um pequeno aperitivo das novidades tecnológicas que devem surgir nos próximos 12 meses.
Missões espaciais tripuladas
2020 vai ser um ano crucial para viagens espaciais, segundo Guy Norris, editor sênior da publicação especializada Aviation Week & Space Technology.
Desde que a Nasa aposentou os ônibus espaciais em 2011, os Estados Unidos passaram a usar espaçonaves russas para transportar astronautas até a Estação Espacial Internacional.
Mas tudo pode mudar em 2020, quando — se todos os planos derem certo — duas espaçonaves fabricadas nos EUA devem começar a transportar tripulantes.
Com capacidade para levar até sete astronautas até a órbita da Terra, o CST-100 Starliner, da Boeing, passou recentemente por testes e foi até rebatizado de Calypso, em homenagem ao barco do explorador marítimo Jacques Cousteau.
Na semana passada, um Starliner não tripulado foi lançado da Flórida com sucesso em seu foguete Atlas, mas depois teve problemas técnicos que o impediram de seguir o caminho planejado para a Estação Espacial Internacional.
A aeronave deve entrar em funcionamento pleno no ano que vem.
Enquanto isso, a cápsula Dragon, da SpaceX, passará por testes finais no início de 2020, e, se tudo correr bem, estará pronta para missões tripuladas neste ano.
Outros sistemas voltados a altitudes elevadas também podem atingir avanços significativos em 2020. Blue Origin, que pertence ao bilionário Jeff Bezos (da Amazon), poderá estar pronto para levar turistas em seu foguete sub-orbital New Shepard.
O avião espacial da Virgin Galactic também pode estar pronto em 2020 para levar passageiros ao espaço, mais de uma década depois do que previa o fundador (e também bilionário) da empresa, Richard Branson.
Estima-se que mais de 600 pessoas já tenham feitos pagamentos por um voo em veículos do Virgin Galactic — as passagens chegam a US$ 250 mil (cerca de R$ 1 milhão).
“Finalmente chegou a hora de entregar esses programas prometidos há muito e de essas tecnologias realmente serem colocadas à prova pela primeira vez”, afirmou Norris, da Aviation Week & Space Technology.
Tecnologia e meio ambiente
Movimentos e campanhas de protestos — como os promovidos pela organização Extinction Rebellion — ajudaram a inserir as mudanças climáticas na agenda de empresas de tecnologia.
Entre as companhias sob pressão estão as fabricantes de smartphones. Estima-se haver 18 bilhões de aparelhos descartados ao redor do planeta. Com a venda de 1,3 bilhão de telefones móveis em 2019, esse número só cresce.
Fabricantes do setor passaram a ser cobrados por processos de fabricação mais verdes e telefones que possam ser consertados mais facilmente.
O mesmo pesa sobre fabricantes de bens de consumo como televisões, máquinas de lavar e aspiradores de pó, e companhias de telecomunicações.
A Vodafone prometeu que até 2023 suas redes no Reino Unido serão abastecidas por fontes de energia renovável. Outras empresas do setor devem seguir a mesma linha.
O sistema de viagem de negócios também sofre críticas. Ben Wood, analista da CCS Insight, afirma que se tornou “socialmente inaceitável” que as pessoas viajem pelo mundo enquanto existe a possibilidade de reuniões virtuais.
Há ainda iniciativas verdes da indústria de computação em nuvem, que tem estruturas com milhares de servidores e computadores que consomem volumes enormes de energia.
Telas flexíveis
O lançamento do primeiro celular dobrável pela Samsung em abril de 2019 não correu bem. Diversos avaliadores e críticos quebraram as telas durante o uso, e a empresa precisou fazer melhorias ágeis antes de colocar o produto à venda em setembro.
A Motorola teve um sucesso relativamente maior com o lançamento do novo Razr, ainda que analistas tenham reclamado do preço elevado.
A Samsung deve lançar novos dispositivos flexíveis no ano que vem, incluindo tablets.
A TCL, segundo maior fabricante de televisões da China, prometeu lançar seu primeiro dispositivo dobrável em 2020, e deve estender a tecnologia para outros equipamentos logo em seguida.
Esses produtos são uma grande aposta do mercado, que investiu o equivalente a mais de R$ 20 bilhões no desenvolvimento das telas flexíveis.
Analistas afirmam que dispositivos como alto-falantes inteligentes, relógios ou portas de geladeira poderão ter telas flexíveis acopladas a eles.
Telefonia móvel super-rápida
A expansão de redes de telefonia deve ser rápida. Até o final de 2019, cerca de 40 redes em 22 países estavam oferecendo serviço 5G, rede de telefonia móvel de alta velocidade.
Até o final do próximo ano, o número de operadores de 5G deve chegar a 125 operadoras, diz Kester Mann, da CCS Insight.
“Pode haver uma mudança interessante na forma com que os contratos 5G são precificados. Um contrato 5G sem telefone deve custar cerca de R$ 150 por mês e é provável que você obtenha quantidades ilimitadas de dados.”
Mas analistas estimam que em 2020 talvez vejamos preços mais baseados na velocidade que você quer, um modelo de precificação parecido ao que já existe para a banda larga residencial.
No Reino Unido, a Vodafone já oferece contratos baseados na velocidade da conexão e a rede 3 deve oferecer o 5G como uma alternativa à banda larga doméstica. Esse tipo de modalidade pode atrair estudantes, por exemplo.
As redes 5G prometem velocidades de download até 20 vezes maiores do que no 4G, permitem que mais gente fique conectada em uma mesma região simultaneamente e oferece conectividade quase instantânea entre aparelhos.
O Brasil prevê o leilão das redes móveis de quinta geração para 2020.
Computação quântica
O próximo ano será novamente importante para a computação quântica, tecnologia que explora o comportamento instável, mas poderoso, de pequenas partículas como elétrons e fótons.
Em outubro deste ano, o Google afirmou que seu computador quântico havia realizado em 200 segundos uma tarefa que o supercomputador mais rápido do mundo levaria 10 mil anos. Houve questionamentos à conquista, mas grande parte dos especialistas diz que foi um grande acontecimento.
“Foi um marco histórico”, afirma Philipp Gerbert, membro do grupo de tecnologia da consultoria BCG. “Está claro que eles ultrapassaram a computação clássica, ainda que o tamanho disso seja discutível.”
Para ele, outras empresas que estão na vanguarda desse campo, como IBM, Rigetti e IonQ, também vão atingir em breve esse patamar.
Nos computadores clássicos, a unidade de informação é chamada “bit” e pode ter um valor de 1 ou 0. Mas seu equivalente em um sistema quântico, o qubit (bit quântico), pode assumir o valor de 1 e 0 ao mesmo tempo.
Isso abre caminho para que vários cálculos sejam realizados simultaneamente.
Uma vez que a tecnologia tenha sido colocada à prova, computadores quânticos podem levar a descobertas importantes em outras áreas, como química e farmacêutica.
O Google prometeu tornar seu computador quântico acessível em 2020 para pessoas de fora da empresa, mas ainda não há detalhes sobre isso.