Exportação de algodão deve seguir firme em 2020 e consumo interno pode crescer

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O mercado de algodão começa o ano com perspectiva de exportações firmes, diante de oferta doméstica ampla e demanda aquecida pelo produto brasileiro. O País colheu uma safra de 2,725 milhões de toneladas em 2018/19, que ainda está sendo embarcada, e tem projeção de colheita de 2,755 milhões de toneladas em 2019/20, conforme levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Já o consumo interno pode aumentar se a economia de fato se recuperar e dependendo do comportamento das fibras sintéticas nos próximos meses.

Conforme o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski, as exportações do Brasil na temporada que vai de julho de 2019 até junho de 2020 devem totalizar de 1,9 milhão a 2 milhões de toneladas. De julho até dezembro, saíram do país 1,039 milhão de tonelada, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia. A expectativa da Anea é de embarques de outros 900 mil toneladas ao longo do primeiro semestre.

Para Snitcovski, um acordo entre EUA e China deve favorecer exportações de algodão norte-americano, mas se a China não for obrigada a comprar volumes específicos dos EUA, deve continuar recorrendo à fibra brasileira. “Se for por preço e qualidade, o Brasil vai disputar de igual para igual”, disse.

Até o momento, autoridades norte-americanas indicaram que a China pode comprar de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões a mais em produtos agrícolas dos EUA, mas a China sinalizou que deve fazer aquisições de acordo com preço e necessidade de consumo. “A China precisa resolver parte do déficit, e o Brasil é um fornecedor estratégico. Se tiver uma solução entre China e EUA, a China vai comprar dos EUA mas também vai continuar comprando do Brasil.”

O presidente da Anea destacou o grande fluxo de algodão para a China em dezembro e que o “Brasil está participando de outros mercados consumidores fora a China com preço competitivo”. Ainda conforme Snitcovski, a participação brasileira nas importações de Vietnã e Bangladesh também tem espaço para crescer, e o País deve manter seu espaço como fornecedor na Indonésia e Turquia.

Para a safra 2019/20, cujos embarques ocorreram entre julho deste ano e junho do ano que vem, a expectativa é de que a produção de algodão seja parecida com a do ciclo anterior, o que permite que o Brasil continue embarcando grandes volumes ao exterior. “O número de safra pode se repetir, e aí consequentemente as perspectivas de exportação também se repetem.”

Segundo Snitcovski, se o Brasil conseguir exportar mais de 300 mil toneladas em um único mês, reforçará a sua imagem de grande fornecedor mundial, uma vez que os EUA, maior exportador, nos meses de maior fluxo se aproximaram de 500 mil toneladas mensais. “Passando a exportar 2 milhões de toneladas, representando mais de 20% do comércio global e mostrando para o mercado internacional que consegue embarcar mais de 300 mil toneladas num mês o Brasil ganha ainda mais credibilidade.”

Do lado do mercado interno, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, projeta que o consumo de algodão no País possa crescer ante os 650 mil e 700 mil toneladas observados em 2019. Isso depende, entretanto, de que a economia brasileira cresça, o algodão continue competitivo na comparação com fibras concorrentes, como as sintéticas, e o consumidor valorize produtos finais feitos com a pluma.

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