Polícia encontra presença de dietilenoglicol em um dos tanques da Backer em BH

Cervejaria nega que utiliza a substância no processo de fabricação. Exames de sangue de quatro pacientes deram positivo para a presença de dietilenoglicol.

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A Polícia Civil disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira (13) que a substância dietilenoglicol foi encontrada em um dos tanques da cervejaria Backer, em Belo Horizonte. A polícia apura a relação entre a substância e a síndrome nefroneural que afetou 11 pessoas em Minas Gerais.

O dietilenoglicol é um solvente orgânico altamente tóxico que causa insuficiência renal e hepática e pode levar à morte em caso de ingestão. A substância foi encontrada inicialmente em dois lotes da cerveja Belorizontina, segundo um laudo da Polícia Civil divulgado na quinta-feira (9). Depois, foi identificada no sangue de quatro vítimas internadas.

A empresa nega que usa a substância no processo de fabricação. No mesmo tanque foi encontrada a presença de outra substância que não deveria estar na cerveja, o monoetilenoglicol, usado pela Backer como anticongelante de serpentinas. Porém, não deveria estar presente na cerveja.

De acordo com a Polícia Civil, o tanque analisado é o de armazenamento de fluído anticongelante, ou refrigerante.

“Ele tem um tanque onde se coloca o líquido refrigerante e este líquido circula pelos outros tanques da empresa, em tese sem contato com a cerveja, para poder refrigerar os tanques onde se encontram a cervejas. Já teve uma perícia técnica do setor de engenharia da Polícia Civil. […] Mas já foi coletada amostra do tanque de chiler, que é o que faz rodar o líquido refrigerante pelos outros tanques da cerveja. E no tanque de chiler a amostra evidenciou positividade para tanto para mono quanto para dietilenoglicol”, afirmou o delegado Thalles Bittencourt.

G1 ainda aguarda posicionamento da empresa em relação à coletiva desta segunda.

Ainda segundo a polícia, as amostras recolhidas na fábrica foram levadas para Brasília, para a realização de estudo de carbonatação, que avalia se houve violação da embalagem. O resultado, de acordo com a polícia, deu negativo.

De acordo com o superintendente da Polícia Técnico Científica da Polícia Civil, Tales Bittencourt, a contaminação por dietilenoglicol pode ser letal com a dosagem entre 0,014mg por quilo a 0,17 mg por quilo.

“Isso significa que a dose letal para um homem de 70 quilos pode ser entre 1 grama a 12 gramas.”

Mais um lote contaminado

Lote L2 1354, da cerveja Belorizontina, é analisado pela Polícia Civil. — Foto: Flávia Lages/ TV Globo

A Polícia Civil confirmou que mais um lote da cerveja Belorizontina, da Backer, está contaminado por dietilenoglicol e monoetilenoglicol. Trata-se do L2 1354, segundo o delegado Flávio Grossi.

“É importante ressaltar a existência de mais este lote, que não era de conhecimento. E ao contrário do que imaginávamos, o lote não estava concentrado só no Buritis”, afirmou.

Segundo a Polícia Civil, este é o terceiro lote analisado. Mas, segundo a fabricante, os dois primeiros itens, L1 e L2, pertencem um único lote, 1348.

A corporação investiga se um ex-funcionário participou de suposta sabotagem na contaminação da cerveja. No fim do ano passado, um supervisor da cervejaria chegou a registrar boletim de ocorrência de contra o ex-trabalhador, que o ameaçou.

“Não posso afirmar se foi sabotagem ou se foi erro.”, disse Flávio Grossi Delegado titular do inquérito na coletiva.

Até agora, a Polícia Civil confirmou onze casos da chamada síndrome nefroneural. Um deles morreu em Juiz de Fora, onde estava internado, na semana passada. Além dos pacientes internados em Belo Horizonte, há um em São Lourenço e outro em Viçosa.

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