O estado de Rondônia é considerado o maior produtor de peixes nativos do país. Segundo o anuário PeixeBR da piscicultura de 2019, Rondônia chegou a produzir 72.800 toneladas em 2018. Os peixes de cultivo produzidos em Rondônia são reconhecidos pela boa qualidade com que chegam às mãos do consumidor final. Esse resultado se deve aos cuidados tomados antes e durante a despesca, na retirada dos peixes dos tanques de criação, quando alcançam o peso comercial.
Os cuidados começam desde o jejum até o abate por choque térmico. O jejum suspende a alimentação dos peixes por pelo menos 24 horas antes do procedimento da despesca. Durante o processo também deve-se evitar machucar os peixes para que não haja hematomas ou perdas de escamas, que são portas abertas para proliferação de bactérias que aceleram a deterioração. Na despesca também é feito o abate por choque térmico.
“O que torna o pescado de Rondônia diferenciado são os cuidados tomados durante todo o ciclo, com a adoção de boas práticas de manejo que garantem a sanidade animal e qualidade do pescado que vai à mesa do consumidor. Esses cuidados aumentam o tempo de prateleira do pescado”, disse a gerente de Aquicultura e Pesca da Seagri, Maria Mirtes.
A despesca é realizada com rede de arrasto e também com implemento como o munck. A rede de arrasto junta os peixes para um determinado local mais raso do tanque, onde os peixes são retirados da água pelo produtor e, logo em seguida, são levados para uma balança para a pesagem. Já o munck é um equipamento hidráulico, utilizado na retirada de peixes do tanque. As boas práticas de manejo recomendam que se façam esse processo.
Após a despesca e morte por choque térmico, os peixes são armazenados nos caminhões com camadas intercaladas de gelo e peixe, para manter a conservação e a qualidade do pescado.
Conforme explicou o secretário da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), Evandro Padovani, o governo de Rondônia tem trabalhado fortemente com os produtores por meio de orientações de boas práticas de manejo durante o cultivo. Segundo ele, os cuidados também devem acontecer com os materiais usados na despesca.
“É importante que o produtor faça a descontaminação da rede antes de colocar no tanque para fazer a despesca. Outro cuidado que deve-se ter é com o gelo. E se não fizer da forma adequada, pode interferir no sabor do peixe”, contou Padovani.
DESENVOLVIMENTO
Como produtor e incentivador da piscicultura em Rondônia, o vice-governador e governador em exercício, José Jodan, conta que trabalha com a produção de peixe desde 1988. “O grande segredo para chegar até a despesca é a gestão, um projeto bem feito e executado”.
Para o desenvolvimento da piscicultura no Estado, Jodan ressalta que é necessário que haja regulamentação, fiscalização e capacitação para dar condições para o produtor trabalhar. “Precisa-se de capacitação junto com a gestão. Com isso será possível produzir com mais tranquilidade e ter bons resultados”, contou.
Rondônia, hoje, é líder na produção nacional de tambaqui, representando 90% da produção do Estado, seguido de jatuarana 6%, pintado 2% e pirarucu 2%.
LABORATÓRIOS MÓVEIS
Pensando na manutenção da qualidade do pescado produzido em Rondônia e visando o cumprimento de exigências de possíveis novos mercados que se deseja atingir, o Estado adquiriu laboratórios móveis que objetivam contribuir para o desenvolvimento do setor aquícola realizando ações de suporte aos técnicos da Emater-RO, como monitoramento e identificação de doenças, principalmente parasitárias, validação de protocolos de biossegurança e análise de água dos viveiros.
Essa ação faz parte do Programa de Sanidade Aquícola Estadual – Programa Peixe Saudável, em atendimento à Instrução Normativa Nº. 04 do então Ministério de Aquicultura e Pesca, cuja atribuição passou a ser responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e contempla entre várias outras ações, a capacitação de técnicos e piscicultores.
“O governo comprou três laboratórios móveis que serão efetivados nos próximos meses. Junto com a Emater-RO e em parceria com as faculdades, vamos levar esses laboratórios móveis até às propriedades rurais para orientar os produtores nos cuidados na qualidade da água, alimentação do peixe, entre outros”, explicou Padovani.