ONG em Goiás acolhe onça que ficou cega após ser atingida por tiros de chumbinho: ‘Se sentindo em casa’

Presidente do instituto que recebeu o animal diz que adaptação de Merlin foi 'espetacular'. Felino perdeu a visão há quatro anos e vivia no Maranhão.

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Após quase quatro anos desde que ficou totalmente cega, a onça-pintada chamada Merlin ganhou uma nova casa. Ele foi levado a uma ONG dedicada à defesa dos felinos ameaçados de extinção, o Instituto NEX, em Corumbá de Goiás, na região central do estado. Segundo a presidente do instituto, Cristiane Gianne, o felino acostumou-se rapidamente com o novo lar.

“Como o Merlin é deficiente visual, nós ficamos muito preocupados em criar um ambiente em que ele tenha facilidade para se adaptar, mas a onça surpreende a gente. Ele teve uma adaptação espetacular. Ele já está se sentindo em casa.”, disse Cristiane.

Cristiane conta que Merlin ficou totalmente cego em 2016 após ser atingido por tiros de “cartucheira”, que são armas que atiram um raio grande de chumbo.

Na época do acidente, o felino vivia em uma reserva ambiental em Pinheiro, no Maranhão, e, quando foi ferido, foi resgatado pelos bombeiros e colocado dentro de um barco para ser levado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de São Luis, onde ficou até a última quinta-feira (16), quando veio a Goiás.

Imagem mostra Merlin sendo transferido de barco, quando foi ferido, em 2016 — Foto: Divulgação/Ampara Silvestre

“O Cetas cuidou dele, mas lá é um centro de triagem, então, precisava de um lugar para ele ficar. Só que o Cetas ofereceu ele para várias instituições e ninguém quis, justamente porque ele é deficiente.”, disse.

O instituto ficou sabendo da história de Merlin há anos, no entanto, segundo Cristiane, o processo para transportar uma onça é complicado.

“É uma operação cara. Para se ter uma ideia, só a caixa com que trouxe Merlin pesou cerca de 225 kg, com ele dentro. Então, nós precisávamos de patrocínio. E depois de um longo processo, conseguimos um voo de cortesia e conseguimos trazer o Merlin.”, disse.

Merlin chegou à nova casa na última quinta-feira (16), em Corumbá de Goiás — Foto: Raul Coimbra/NEX

Recinto de 130 metros quadrados é totalmente adaptado para necessidades especiais do felino, segundo NEX — Foto: Raul Coimbra/NEX

Ambiente adaptado

Por conta da deficiência de Merlin, foi preciso criar um recinto adaptado para o felino, para atender as suas necessidades especiais.

“Nós pensamos em tudo. Pensamos em fazer um ambiente para que ele circule com facilidade, para que ele possa ir até a gruta. O lago, por exemplo, tem a profundidade para que ele se sinta seguro e para que ele não se afogue.”, disse.

Para criar um espaço como esse, Cristiane explicou que precisa contar com apoio de instituições que também atuam em defesa desses animais. Segundo ela, todas as adaptações são de alto custo.

A Ampara, por exemplo, é uma instituição que criou uma campanha chamada “Life Print” para vender produtos a fim de arrecadar dinheiro para essas causas, além de receber doações. Foi por meio desta campanha que o Merlin foi transferido para o NEX.

“Os custos para fazer um recinto como o do Merlin, que é de uma área de 130 metros quadrados, não é baixo. É um custo muito alto, e ainda tem os valores de manutenção.”, conta.

Adaptação do Merlin foi "espetatular", segundo Cristiane — Foto: Raul Coimbra/NEX

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