Além da Amazon, Bezos é dono do jornal americano “The Washington Post”, cujo jornalista e articulista Jamal Kashoggi — famoso por ser crítico ao governo saudita — foi assassinado em uma embaixada da Arábia Saudita na Turquia em outubro de 2018.
Um mês antes da denúncia, Bezos havia anunciado um divórcio e teve detalhes de sua relação extraconjugal revelados pelo mesmo tabloide minutos após o anúncio da separação.
O caso levou o dono da Amazon a iniciar uma investigação contra a editora da publicação, a American Media Inc (AMI). A equipe de Bezos chegou a afirmar que a cobertura do caso feita pela National Enquirer teve “motivações políticas”.
Segundo o “The Guardian”, o celular de Bezos está sendo inspecionado por especialistas desde que o “National Inquirer” publicou as primeiras reportagens, em janeiro de 2019.
O diretor de segurança pessoal de Bezos, Gavin de Becker, já havia acusado o príncipe saudita de atacar o celular do executivo em março do ano passado, mas não deu detalhes de como isso teria acontecido.
De Becker também descreveu na ocasião o “relacionamento próximo” que Mohammed bin Salman desenvolveu com David Pecker, presidente da AMI, nos meses que antecederam a reportagem sobre a relação extraconjugal de Bezos.
A Arábia Saudita negou à época as acusações de que estaria envolvida na divulgação das histórias sobre Bezos e a AMI disse que recebeu de uma fonte as informações que foram publicadas.
Vírus em vídeo no celular
Especialista em segurança digital e colunista do G1, Altieres Rohr, em se confirmando que houve a invasão por meio de um vídeo enviado ao celular de Bezos, é grande a probabilidade de que tenha sido algo voltado especificamente para ele.
“Vamos dizer que a pessoa prepara um vídeo para você, e tudo só vai funcionar no seu aparelho. Se enviar para o meu, já é provável que não dê certo”, diz.
A melhor forma de se proteger desses tipos de ameaça é manter o aparelho atualizado, alerta o colunista do G1.
Segundo Rohr, um vírus em um vídeo para celular não age da mesma forma que um vírus enviado por e-mail, por exemplo.
“É um pouco mais complicado. Você não coloca o vírus diretamente dentro do vídeo. Você cria um vídeo especial, de tal forma que vai enganar o reprodutor de vídeo (do aplicativo) e jogar o vídeo pra área errada, na memória”, explica. “Em vez da área de dados, vai para a área de código.”
Ele alerta que nem sempre é preciso reproduzir o vídeo para executar o vírus. “Por exemplo, quando você recebe um vídeo no Whatsapp é normal que tenha uma miniatura desse vídeo. Dependendo de onde a falha está localizada, pode ser que já a função que cria a miniatura esteja com algum problema. Nesse caso, só de receber o vídeo, o código já será acionado na hora que o Whatsapp criar a miniatura.”
Mas Rohr destaca que existe ainda a possibilidade de que Bezos não tenha recebido um vídeo, e sim um link para um vídeo, o que colocaria o caso como uma falha de navegador, que, segundo o especialista, é muito mais comum.
Em outro caso, em maio passado, o Facebook, dono do WhatsApp, detectou e corrigiu uma vulnerabilidade no sistema de chamadas de vídeo do WhatsApp sistema que permitiria que hackers instalassem de maneira remota um tipo de “spyware”, um software espião, para ter acesso a dados do aparelho, em alguns telefones.