Ao pensar em um roteiro turístico do jazz, é comum lembrar de cidades como Nova Orleans e Nova York. No entanto, mais uma cidade prepara uma série de atividades para entrar – de uma vez por todas – no mapa de destinos dos amantes do gênero. Manaus estreia em março uma extensa programação com ativações por todas as zonas da capital amazonense, intitulada ‘Cidade do Jazz’. O projeto antecede a histórica 10ª edição do Festival Amazonas Jazz, bem perto da população e com cenários surpreendentes.
Se o jazz nasceu da rica mistura entre influências musicais africanas e europeias em solo norte-americano, um novo ingrediente será acrescentado ao gênero: as raízes culturais da maior floresta tropical do Mundo. Para entender melhor essa receita, basta imaginar 18 artistas locais envolvidos em quase 30 dias de atividades. O ‘Cidade do Jazz’ é esse toque de Amazônia em um dos ritmos mais difundidos no planeta.
A programação do acontece de 7 a 29 de março e inclui oficinas, flash mob, intervenções culturais e uma exposição imersiva. Tudo de forma gratuita para levar amazonenses e turistas a conhecer melhor o gênero. Para isso, o ‘Cidade do Jazz’ vai em busca de todos os públicos. As ações acontecem de shoppings centers a escolas públicas; de pontos turísticos clássicos da capital a terminais de ônibus.
John Fedchock NY Sextet — Foto: Secretaria de Cultura E. Criativa
A realização do projeto é da Fundação Rede Amazônica, como explica a Secretária-Geral da instituição, Marcya Lira. “O ‘Cidade do Jazz’ tem o intuito de contribuir com a popularização do gênero musical em Manaus. A ideia surgiu com o desejo de unir forças ao Festival Amazonas Jazz, que há 10 edições traz a vertente artística para a rotina do manauara”, destaca.
Uma das características do jazz é a improvisação, o que em nada significa falta de técnica. Pelo contrário. Pensando nisso, o ‘Cidade do Jazz’ também inclui oficina de musicalização e percussão, que vai acontecer de 10 a 13 de março, em quatro escolas estaduais selecionadas pela Fundação Rede Amazônica em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado. “Prevemos ainda um concurso cultural interescolar, que dará à escola vencedora um prêmio de 3 mil reais”, enfatiza Marcya.
O foco educacional do ‘Cidade do Jazz’ está em total sintonia com o Festival. A edição deste ano do FAJ conta com uma programação acadêmica com mais de 20 opções entre palestras, workshops e masterclass.
Ocupação da cidade
Imagine estar em um passeio no shopping e ser surpreendido com um flash mob. Ou estar à espera do ônibus em um terminal do transporte coletivo e se deparar com uma intervenção cultural. No ‘Cidade do Jazz’, atividades itinerantes assim estão agendadas em diversos pontos da capital. O projeto inclui, por exemplo, um boxe móvel que será montado por onde o tour da programação passar.
Trio Corrente — Foto: Secretaria de Cultura E. Criativa
Também haverá um complexo de exposição imersiva no Largo de São Sebastião, montado durante o período do Festival Amazonas Jazz. Chamado de Container Jazz, o complexo será composto por três ambientes distintos. No primeiro, o visitante poderá sentir o jazz a partir de experiência audiovisual imersiva. No ambiente seguinte, um espaço instagrámavel trará peças que remetem ao cenário do gênero musical ao longo dos anos. O terceiro ambiente será um estúdio de rádio, de onde a CBN Amazônia fará a transmissão ao vivo durante todos os dias do festival. No estúdio, também serão oferecidas oficinas gratuitas de podcasts e visitação aberta ao público.
E se por algum motivo o público não pode ir até os espaços selecionados pela programação, o ‘Cidade do Jazz’ vai até ele. Estão previstas apresentações na Casa do Idoso São Vicente de Paulo e na Casa Mamãe Margarida. A primeira funciona há quase 40 anos e é voltada para o acolhimento de idosos. A segunda atende meninas em situação de vulnerabilidade social e com vínculos familiares rompidos.
“As atividades são importantes por proporcionarem o contato do gênero jazz a muitas pessoas que não conhecem ou não associam a oportunidades de desenvolvimento de talentos. Queremos estar em áreas de grande circulação, mas também visitar pessoas em situação de vulnerabilidade em seus abrigos. A inclusão é o principal objetivo ao irmos até locais onde estão pessoas que dificilmente conseguiriam sair para consumir esse tipo de arte”, diz Marcya Lira.