Documento liga assessor de Eduardo Bolsonaro a conta em rede social para ataques pessoais

Computador do gabinete foi usado para criar perfil, diz documento enviado à CPI das Fake News. Deputado reagiu com ironia: 'Vou dar um aumento para o meu funcionário se isso aí for verdade'.

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Documento encaminhado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News mostra que um assessor do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) usou um computador da Câmara dos Deputados para criar uma página usada em ataques pessoais contra adversários políticos.

O documento foi enviado pela rede social Facebook à CPMI após um pedido de quebra de sigilo de contas no Instagram – as duas redes são controladas pela mesma empresa. O teor foi divulgado nesta quarta-feira (4) pelo site UOL.

Segundo a reportagem, “a quebra de sigilo liga o gabinete de Eduardo Bolsonaro à conta de ataques virtuais”. O Jornal Nacional também teve acesso ao documento.

A conta na rede social, chamada “Bolsofeios”, foi registrada a partir de um IP dentro da Câmara. O IP é um número único, usado para identificar cada computador conectado a uma rede.

O e-mail utilizado no cadastro da página é utilizado por Eduardo Guimarães, secretário parlamentar de Eduardo Bolsonaro. Notas fiscais apresentadas à Câmara por Eduardo Bolsonaro em janeiro mostram que Guimarães usou esse mesmo e-mail como endereço de contato.

O Jornal Nacional também confirmou que o número de celular usado para registrar a página é o mesmo utilizado por Eduardo Guimarães.

Questionado nesta quarta, após a divulgação das informações, o deputado Eduardo Bolsonaro respondeu com ironia, e sem interromper a caminhada pela Câmara.

“Estou pensando o que eu vou fazer, estou pensando o que fazer. Olha, mas… qual infração foi cometida? Mandar esse pessoal catar coquinho. Eu vou dar um aumento para o meu funcionário se isso aí for verdade”, disse.

Denúncia de Joice

Em dezembro de 2019, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), correligionária de Eduardo Bolsonaro, falou à CPMI das Fake News. Ela acusou os filhos do presidente Jair Bolsonaro de comandarem uma rede de ataques virtuais, chamada por ela de “gabinete do ódio”.

Segundo Joice, o grupo usava essa rede para espalhar mensagens falsas contra desafetos da família Bolsonaro. Ela já tinha feito denúncia semelhante em entrevista ao G1, em outubro do ano passado.

“E aí, para se ter uma ideia, o ‘Bolsofeios’ é do assessor do Eduardo, o Dudu Guimarães”, declarou Joice à CPMI, antecipando a relação confirmada pelo documento enviado à comissão.

Próximos passos

O sigilo da conta foi quebrado a pedido do deputado Túlio Gadelha (PDT-PE), com base nos depoimentos à CPMI das Fake News. Nesta quarta, o parlamentar disse que a comissão vai analisar o conteúdo dos papéis para avaliar as próximas medidas.

“O próximo passo agora é a gente analisar o conteúdo, pedir a quebra de sigilo telefônico, a quebra de sigilo telemático dos e-mails do deputado Eduardo Bolsonaro e do ‘gabinete do ódio’, das pessoas que disseminavam essas informações, para analisar esse conteúdo”, diz.

Segundo ele, a depender da análise, Eduardo Bolsonaro pode ser acionado no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

A CPMI se reúne novamente na próxima semana. Deputados de oposição a Bolsonaro planejam novos pedidos de quebra de sigilo para detalhar a ação do “gabinete do ódio”.

A ideia, segundo os parlamentares, é conseguir mais informações sobre o conteúdo das mensagens do email usado por Eduardo Guimarães, entre outros detalhes.

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