Dólar bate R$ 5 pela 1ª vez na história, mas reduz alta após atuação do BC

Após salto de 6% na abertura, moeda dos EUA desacelera com anúncio de leilão extra do Banco Central. No ano, avanço chega a 22%.

0
446

O dólar opera em forte disparada nesta quinta-feira (12), batendo R$ 5 pela 1ª vez na história, em mais um dia de turbulência nos mercados, após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter classificado o surto como uma pandemia e depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, proibiu viagens da Europa para os Estados Unidos por 30 dias.

Às 10h30, a moeda norte-americana subia 3,97%, a R$ 4,9090. Na abertura, chegou a saltar mais de 6% e bateu R$ 5,0277 – nova máxima nominal (sem considerar a inflação) já registrada no país. Veja mais cotações.

Com o salto desta quinta, o avanço no ano chega a 22%.

Já a Bolsa voltou a ter os negócios paralisados nesta quinta, após o Ibovespa registrar logo na abertura queda de 11,65%

A disparada do dólar acontece mesmo após uma atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio com uma oferta de até US$ 2,5 bilhões em moeda à vista, cancelando o anúncio inicial de venda de até 1,5 bilhão feito no dia anterior.

A intensidade de alta do dólar nesta quinta, entretanto, diminuiu após o BC anunciar um leilão adicional de dólar em moeda à vista de até US$ 1,25 bilhão.

Na véspera, o dólar encerrou o dia a R$ 4,7215, em alta de 1,65%. Na semana, o dólar acumulou até o leilão de quarta-feira alta de 1,88%. Na parcial do mês, o avanço é de 5,37%. Em 2020, a alta chegou a 17,75%.

Pesava também no mercado de câmbio nesta quinta a derrota sofrida pelo governo no final da tarde de quarta-feira, após o Congresso Nacional derrubar o veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), com impacto estimado em cerca de R$ 20 bilhões já no primeiro ano.

Em razão do impacto orçamentário da medida, o mercado enfrenta agora outro vetor de risco, do lado fiscal brasileiro, o que aumenta as incertezas sobre as relações entre Executivo e Legislativo, e sobre o ritmo de recuperação da economia brasileira.

  • Ampliação do BPC pode dificultar aumento de recursos para fundo de educação básica, diz Maia

Cena externa

Os mercados globais reagiam nesta quinta à decisão do presidente americano, Donald Trump, que suspendeu por 30 dias viagens de estrangeiros procedentes de Europa aos Estados Unidos, numa tentativa de travar a rápida propagação do coronavírus.

Trump anunciou outras medidas para sustentar as empresas norte-americanas e promover o crescimento, mas alguns investidores não se mostraram convencidos de que a economia global pode se recuperar rapidamente conforme crescem as preocupações de que o número de infecções pode aumentar rapidamente em todo o mundo.

Pelo contrário, as restrições impostas elevou o pânico nos mercados globais em pânico conforme as medidas de prevenção contra a doença interrompem as cadeias de suprimento globais, elevando os riscos de uma recessão global.

Na Europa, as principais bolsas tinham queda ao redor de 6%. Já os preços do petróleo subiam mais de 5% e acumulavam queda de cerca de 50% desde máximas tocadas em janeiro.

BC anuncia leilão extra de dólar à vista

O Banco Central (BC) realizou nesta quinta dois leilões de dólares em moeda à vista, sendo que um deles foi anunciado após a abertura dos mercados, depois da disparada do dólar a mais de R$ 5.

No primeiro, vendeu R$ 1,278 bilhões de uma oferta de até US$ 2,5 bilhões. No segundo, o BC ofereceu até US$ 1,25 bilhões em moeda à vista, vendendo apenas R$ 332 milhões.

O BC voltou a oferecer recursos das reservas internacionais nesta semana diante da disparada da volatilidade e da tensão no mercado de câmbio. Na segunda e terça, a autoridade monetária já tinha vendido US$ 5,465 bilhões em dólar à vista, destaca a Reuters.

Antes da atual rodada de leilões, desde 20 de dezembro do ano passado o BC não realizava esse tipo de operação — retomada em agosto de 2019 depois de uma década sem ser utilizada.

Os atuais leilões de dólar das reservas têm ocorrido de forma alternada a ofertas de swap cambial. Neste ano, o BC já vendeu o equivalente a 10,50 bilhões de dólares em swaps cambiais –todo esse montante em colocações líquidas, ou seja, na forma de dinheiro novo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui