O Hospital das Forças Armadas (HFA) omitiu ao governo do Distrito Federal (DF) dois nomes em uma lista de infectados com o novo coronavírus. Uma lista de 17 infectados, sendo que 15 estão identificados, foi entregue ao governo do DF. O presidente Jair Bolsonaro foi uma das autoridades que fizeram exame no local, mas afirmou nas redes sociais ter testado negativo. O nome dele não está entre os 15 mencionados pelo hospital.
O jornal O Estado de S.Paulo pede há dias à Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) que apresente os resultados do exames já feitos pelo presidente, mas até hoje não obteve resposta.
Procurado, o Hospital das Forças Armadas não respondeu. A Secretaria de Saúde do DF disse não ter manifestação.
No sábado, 21, o comandante logístico do Hospital das Forças Armadas, general Rui Yutaka Matsuda, disse que todas as informações sobre os pacientes do hospital com resultado positivo para a covid-19 já foram compartilhadas com a Autoridade Epidemiológica da Secretaria da Saúde do DF.
Na última sexta-feira, 20, a Justiça Federal atendeu a um pedido do governo do DF e determinou que o Hospital das Forças Armadas informasse imediatamente a relação completa de nomes dos infectados pelo novo coronavírus.
Bolsonaro afirmou na semana passada que poderá realizar um terceiro teste porque, como ele tem contato com muitas pessoas, pode já ter sido infectado.
“Deixo de informar à V Exa., neste documento, os nomes dos pacientes com sorologia positiva para a covid-19, a fim de evitar a exposição dos pacientes e em virtude direito constitucional de proteção à intimidade, vida privada, honra e imagem do cidadão”, escreveu o comandante do HFA, em ofício endereçado à Justiça Federal do DF e obtido pela reportagem.
Além de Bolsonaro, integrantes da comitiva presidencial que acompanharam o presidente da República em viagem aos Estados Unidos também fizeram exames no HFA. Ao todo, 23 pessoas que acompanharam o presidente já foram infectadas, testando positivo para o vírus.
Pandemia
Em sua decisão, a juíza Raquel Soares Chiarelli também impôs uma multa de R$ 50 mil ao diretor do hospital por paciente que tiver a informação sonegada. Além de Bolsonaro, integrantes da comitiva presidencial que acompanharam o presidente da República em viagem aos Estados Unidos também fizeram exames no HFA.
“Já é notório que a devida identificação dos casos com sorologia positiva para a covid-19 é fundamental para a definição de políticas públicas para o enfrentamento urgente e inadiável da pandemia, a fim de garantir a preservação do sistema de saúde e o atendimento da população”, escreveu a juíza em sua decisão.
“De modo que não se justifica, sob nenhuma perspectiva, a negativa da União em fornecer essas informações ao Distrito Federal, que tem competência constitucional para coordenar e executar as ações e serviços de vigilância epidemiológica em seu território.”