O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) anunciou que todos os restaurantes Bom Prato do estado vão passar a funcionar aos finais de semana e oferecer além do almoço, café da manhã e jantar até o dia 30 de maio. Atualmente, o estado possui 59 unidades.
““A partir desta quarta-feira, 1º de abril, todos os 59 restaurantes do Bom Prato vão passar a servir café da manhã, almoço e jantar”, disse Doria. O novo funcionamento terá duração de 60 dias e passa a valer em 1º de abril. Com essa medida, serão servidas 1,2 milhão a mais de refeições por mês. Os restaurantes atendem 2,4 milhões de pessoas em todo o estado.
Doria disse que a medida visa beneficiar a população mais vulnerável e mais afetada durante a crise econômica gerada pela pandemia. “Com essa decisão de ampliar o funcionamento dos Bom Pratos para a noite e os cafés da manhã ajudamos a atender e a amparar as pessoas que mais precisam”, afirmou.
O investimento total será de R$ 18 milhões. “Vão servir em embalagens descartáveis, o serviço não será feito por razões sanitárias dentro dos restaurantes”, disse. Serão distribuídos talheres plásticos, que estava abolido.
Doações
Doria disse que a bancada paulista de deputados e senadores destinaram R$ 219 milhões de emendas para o combate ao coronavírus.
Ele também anunciou que fez na manhã desta segunda (30) uma reunião virtual com um grupo de 232 empresários que doou o valor de R$ 97 milhões em dinheiro, respiradores, produtos de higiene, equipamentos de proteção, alimentos não-perecíveis para as áreas de Saúde, Segurança e comunidades mais carentes do estado, principalmente na região metropolitana. Essa foi a segunda doação feita por empresários para o estado, totalizando um valor de R$ 195 milhões. Ele também fez um apelo para os empresários “por favor, não demitam. Essa é uma crise com prazo determinado”, solicitou.
Isolamento
O governador também ressaltou a necessidade do isolamento social no combate à doença. “Isolamento é necessidade, não é obrigatoriedade apenas, e melhor prevenir hoje do que lamentar amanhã”, disse. De acordo com ele, as decisões dos governadores estão amparadas em decisões técnicas “fiquem em casa, utilize mecanismos virtuais para trabalhar.”
Ele pediu que a população escute e atenda as recomendações médicas. “Neste caso, por favor, não sigam as orientações do presidente da República do Brasil. Ele não orienta corretamente a população e lamentavelmente não lidera o país no combate ao coronavírus e à preservação da vida.”
Mortes
Subiu para 98 o número de mortes pelo novo coronavírus no estado de São Paulo, segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado neste domingo (29). O estado possui ainda 1.451 casos confirmados.
O novo número de casos representa um aumento de 3,2% em relação aos 1.406 casos anunciados no sábado (28). No caso das mortes, o crescimento foi de 16,6%. No Brasil são 4.256 casos confirmados e 136 mortes.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, foram contabilizados 14 novos óbitos no estado de São Paulo, destes um homem de 89 anos de São Bernardo do Campo e outras 13 pessoas da capital: cinco mulheres (71, 84, 84, 87 e 90 anos), seis homens idosos (60, 67, 79, 76, 63, 83) e dois jovens de 26 e 33 anos. Todos foram atendidos na rede particular.
Notificação apenas em casos graves
Na segunda-feira (23) a Secretaria Estadual da Saúde determinou que as unidades de saúde da rede pública devem registrar no sistema apenas pacientes internados com sintomas graves da doença.
Pessoas com sintomas leves, especialmente aquelas que não sentem falta de ar, não são registradas como casos suspeitos ou confirmados de coronavírus no sistema oficial, tampouco são submetidas ao teste laboratorial. Especialistas afirmam que a nova metodologia de registro pode levar a subnotificação.
Segundo a Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), Helena Sato, a medida é necessária para concentrar esforços nos casos graves.
“Isso não quer dizer que a gente vai ter menos dados, de jeito nenhum. Nós trabalhamos com vigilância epidemiológica. Então, nós tivemos um procedimento muito parecido na época da pandemia que aconteceu dez anos atrás, em relação ao vírus do H1N1. Antes a gente notificava os casos leves, moderados, depois, com o aumento, com o que se considera uma pandemia, a gente foca nos casos graves. Isso de modo nenhum vai alterar nossas ações de vigilância, não altera em nada”, disse Sato em entrevista ao G1.
“É só uma forma de a gente poder acompanhar o que é mais importante nesse momento. Quando começa a ter mais casos, a gente começa a focar nos graves”, completa.
Para Fernanda Campagnucci, diretora executiva da Open Knowledge Brazil e especialista em transparência de dados, a nova orientação mostra que as estatísticas estaduais precisam ser analisadas com cautela, já que não refletem mais o mesmo cenário que era analisado antes.
“É compreensível que haja mudanças no processo de coleta dos dados, porque a gente está aprendendo a lidar com o vírus, e não há testes suficientes. Mas qualquer mudança na metodologia impacta o resultado. Isso precisa ser comunicado, divulgado, para que as análises sejam feitas com base nessa informação importante da nova orientação”, afirma Campagnucci.
Aumento de casos graves
O secretário estadual de saúde, José Henrique German disse na quinta-feira (26) que os casos de pacientes graves internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) após serem infectados pela Covid-19 aumentaram 42% em 24 horas no estado de São Paulo.
“Os pacientes graves internados em UTI são agora 84. Neste último dia houve um acréscimo de 42%. Isso é mais ou menos característico da epidemia, ela tem dias de mais acréscimo e dias de menos acréscimo. Mas ela vem crescendo, o que mostra talvez para nós que as medidas de restrição de mobilidade estão sendo suficientes ou, pelo menos colaborando de forma bastante efetiva, para que a gente tenha 862 casos”, afirmou Germann.
De acordo com ele, esse crescimento de mortos e pacientes graves é característico de uma epidemia. “Nós éramos praticamente 90% dos casos do Brasil e agora nós somos 30% dos casos do Brasil. O que significa que existe uma expansão da epidemia de forma acelerada. Se nós formos olhar o número de óbitos, nós tivemos no Brasil 57 óbitos, infelizmente, e no estado de São Paulo, 48. No estado de São Paulo ontem eu anunciei 40 óbitos, então, tivemos um acréscimo de 20% no número de óbitos”, disse.
Representantes do comitê estadual de combate ao novo coronavírus em São Paulo afirmam que as medidas de restrição de circulação adotadas nas últimas semanas foram eficazes e ajudaram a conter a curva de crescimento de casos confirmados no estado. Segundo Helena Sato, médica que coordena o comitê, “muito provavelmente haveria um número muito maior [de casos] se as nossas famílias não estivessem em casa”.
Em pronunciamento na terça-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro criticou medidas de isolamento adotadas por estados e municípios. Na quarta-feira (25), Bolsonaro discutiu com o governador de São Paulo, João Doria.
Quarentena
O estado de São Paulo adota estratégias de restrição de circulação contra o coronavírus desde 16 de março. A quarentena começou na terça-feira (24) e vai durar 15 dias, até o dia 7 de abril, para os 645 municípios do estado de São Paulo.
A medida obriga o fechamento do comércio e mantém apenas os serviços essenciais, como nas áreas de Saúde e Segurança. Assim, os hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas, públicas ou privadas, terão o funcionamento normal.
As transportadoras, armazéns, serviços de transporte público, serviços de call center, petshops, bancas de jornais, táxis e aplicativos de transporte continuam funcionando com as orientações dos sanitaristas.
Os serviços de Segurança Pública, tanto estadual, quanto municipais, continuam funcionando normalmente. Os bancos e lotéricas também continuam abertos. As indústrias devem continuam operando, já que não têm atendimento ao público em geral.