Nesta segunda-feira (13), o estado do Amazonas completa um mês desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19. Embora medidas restritivas tenham sido tomadas pelo governo, os números de contaminação não param de crescer, com 1.206 casos e 62 mortes registrados. O momento é de corrida do governo para ampliar o número de leitos na rede pública.
Com o rápido aumento, o Amazonas entrou na lista do Ministério da Saúde, assim como outros três estados e o Distrito Federal, por estar em transição para aceleração descontrolada do coronavírus. O coeficiente de incidência nacional era de 4,3 casos por 100.000 habitantes no último dia 4, enquanto o Amazonas tem registrava 6,2/100 mil. Hoje, são mais de 21,7 casos por 100.000 habitantes.
Para conter o avanço da doença, o governador e os prefeitos dos municípios decretaram medidas como suspensão de aulas, cancelamento de eventos para evitar aglomeração de pessoas, fechamento de rodovias, proibição de comércio não essencial, toque de recolher, entre outras. A operação “Fique em Casa” teve início na segunda-feira (6), em Manaus, com o intuito de intensificar a fiscalização de comércios que descumpram a medida.
“A orientação de alguns especialistas é para que a gente tome medidas mais restritivas. Eu não quero tomar essas medidas restritivas. Mas chega um momento em que o Estado vai, sim, ser obrigado a colocar todo mundo em quarentena. Vai chegar um momento em que o estado vai ter que baixar um decreto estabelecendo um ‘lockdown’, quando fecha tudo. nós não queremos chegar a esse ponto“, disse o governador Wilson Lima neste domingo (11).
Apesar da constante recomendação das autoridades para que a população mantenha o distanciamento social, o número de casos aumentou rapidamente nos últimos quinze dias. O que provocou uma superlotação nos hospitais e unidades de saúde de Manaus. O governo afirma que o pico da doença no estado, previsto para maio, está antecipado.
Na sexta (10), o governo do Amazonas informou que HPS Delphina Aziz, referência para internação de casos graves do novo coronavírus, atingiu a capacidade máxima operacional. Com 60 leitos de UTI ocupados, a unidade não possui equipe médica para atender os outros nove leitos disponíveis.
Diante do agravamento da situação e do risco do sistema de saúde entrar em colapso, o governo federal anunciou que nesta semana vai mandar para Manaus mais profissionais de saúde e leitos de UTI. No sábado (11), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que vai construir um hospital de campanha na capital amazonense.
Desde 4 de abril, a unidade recebeu 34 respiradores – 25 respiradores enviados pelo Ministério, e mais 19 comprados pelo Governo do Estado. Com a última remessa chegada no sábado (11), a unidade possui capacidade imediata para pelo menos 100 leitos, 15 deles sendo ativados já neste domingo (12).
Casos confirmados
A confirmação do primeiro caso em Manaus veio após 12 casos suspeitos serem registrados e oito descartados. O Amazonas foi o primeiro no Norte do Brasil. A Secretaria de Saúde (Susam) informou que tratava-se de uma paciente do sexo feminino, 39 anos, que havia chegado de Londres, na Inglaterra, dois dias antes do anúncio de confirmação. Ela procurou uma rede de saúde privada e cumpriu isolamento domiciliar.
A partir desse dia, os números começaram a subir. A maior quantidade de registros ocorreu entre os dias 5 e 9 de abril, quando foram notificados 588 casos da doença.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado na sexta-feira (9), o décimo caso de Covid-19 no Amazonas foi registrado 10 dias após a confirmação do primeiro. No vigésimo dia, o estado já havia confirmado 200 testes positivos.
A incidência de Covid-19 no estado do Amazonas é de 21,7 casos por 100.000 habitantes. Os municípios de Manacapuru e Manaus apresentam as maiores taxas, com 49,3 e 36,7 casos por 100 mil habitantes, respectivamente.
Mortes por Covid-19
A contaminação pelo novo coronavírus já deixou 62 mortos no Estado, apresentando uma taxa de letalidade de 5,1%. Destes, 51 foram na capital amazonense.
O primeiro óbito por Covid-19 ocorreu no dia 24 de março, 12 dias após o primeiro caso confirmado. Até o momento, o maior aumento no número de mortes foi registrado no dia 9 de abril, com 33 ocorrências.
Municípios do interior
Além de Manaus, que concentra 89% do total de casos, outros 16 municípios do Amazonas têm registros de contaminação pelo novo coronavírus. Parintins foi a segunda cidade do estado a confirmar um caso de Covid-19, no dia 22 de março.
Manacapuru entrou na lista no dia 27, com dois casos. Atualmente é o município que apresenta a maior frequência de casos, com 64 testes positivos e três mortes, seguido de Iranduba e Itacoatiara, com 11 casos confirmados em cada.
Pacientes internados
Os números contabilizados no boletim são atualizados toda quinta-feira. Na última publicação, eram 899 casos confirmados, sendo que 135 deles (15 %) desenvolveram a forma grave da doença, e necessitaram internação hospitalar, sendo considerados portanto uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo novo coronavírus.
Conforme boletim epidemiológico, os sinais e sintomas mais frequentes entre os casos graves de COVID-19 foram: febre (83,7%), tosse (81,5%), desconforto respiratório (74,8%) e dispneia (71,9%).
Dos pacientes que encontravam-se internados até o dia nove, 46,6% (63, de 135) estavam em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Entre aqueles que desenvolveram sintomas graves de Covid-19, predomina os pacientes do sexo masculino 63,0% (76, de 135).
A maioria dos pacientes internados (43,7%) tem idade entre 40 a 59 anos, seguido de pessoas com idade acima de 60 anos, que representa 38,5% das internações.
Em relação aos óbitos por COVID-19, o grupo mais acometido foi pessoas com idade acima de 60 anos, com 60%, seguido do grupo de pessoas com idade entre 40 e 59 anos, com 37,5% dos óbitos.
Distribuição de casos em Manaus
Em Manaus, com incidência de 36,7 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes, conforme boletim epidemiológico, os moradores que testaram positivo estão distribuídos em 56 bairros, o que corresponde a 88% dos bairros da cidade.
O bairro de Adrianópolis, apresenta o maior número de notificações com 39 casos. Seguido dos bairros, Parque 10 de Novembro (25) e Ponta Negra (23).