Apenas uma baixa dosagem de cloroquina poderá ser usada em pacientes graves com o novo coronavírus no Amazonas, segundo informou o Governo do Estado. A medida foi divulgada em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (15), após um estudo pioneiro no Estado sobre o uso do medicamento apontar que alta dosagem é muito tóxica para pacientes com a Covid-19 em estado grave. O número de casos confirmados da doença no estado chegou a 1.553, com 106 mortes, nesta quarta-feira (15).
Segundo o médico da Fundação de Medicina Tropical e pesquisador da Fiocruz-AM, Marcus Lacerda, quando o protocolo para a pesquisa foi desenhado, há cerca de um mês, havia uma dúvida sobre qual dosagem de cloroquina teria uma maior eficácia no tratamento de pacientes.
“Como a doença começou na China, os chineses usaram uma quantidade alta, porque era a que poderia matar uma maior quantidade de vírus. Aqui no Brasil, a Fundação de Medicina Tropical auxiliou o Ministério da Saúde e a Secretaria de Ciência e Tecnologia a construir um guia de uso da cloroquina em pacientes graves”, disse Lacerda.
O estudo realizado no Amazonas também procurou entender a eficácia da dose maior que foi usada na China, segundo o médico da Fundação de Medicina Tropical. Um total de 81 pacientes foi dividido em dois grupos e os tipos de dosagens foram testadas neles.
“Nós diariamente monitorávamos pacientes que estavam usando as duas doses. Acontece que, essa dose maior que está sendo usada na China e ainda é usada em outros países, não se mostrou uma dose muito segura”, informou.
Ainda conforme Lacerda, a alta dosagem de cloroquina tem potencial de ser tóxica para o coração, especialmente quando é associada com azitromicina – um antibiótico que também pode dar arritimia cardíaca.
Dos 81 pacientes monitorados, 11 morreram. Sete deles foram submetidos à alta dosagem de cloroquina, segundo os dados preliminares da pesquisa.
Conforme Lacerda, após os resultados, a maior dosagem da cloroquina em pacientes graves de coronavírus foi suspensa, mas o estudo continua. “Nós continuamos estudando pessoas internadas no Delphina Aziz e acompanhando elas com a menor dose”, explicou o médico.
O resultado da pesquisa feita no Amazonas, segundo Lacerda, pôde mostrar que a dosagem baixa da cloroquina tem segurança e pode ser usada durante o tratamento em todo o país.
“Aqui no Brasil, felizmente, o Ministério tem um protocolo com uma dose mais baixa e o que mostramos em Manaus, pela primeira vez, é que essa dose baixa tem segurança. Caso algum profissional tenha o desejo de prescrever, ainda sem evidência, ele pode prescrever com segurança. Até então, essa informação não existia e vários países estavam prescrevendo doses muito altas que não recomendamos, baseados nesse estudo”, finalizou.