Circula nas redes sociais a informação de que uma microbiologista que participou, na Inglaterra, de um teste com uma vacina contra a Covid-19, morreu dois dias após receber a imunização experimental. É #FAKE.
A cientista se chama Elisa Granato. Ela foi uma das primeiras pessoas a receber uma dose da primeira vacina experimental aplicada em humanos na Europa, desenvolvida pela Universidade de Oxford.
Elisa, que é pesquisadora da universidade, recebeu a dose no dia 23. Dois dias depois, ela se deparou com a “notícia de sua morte” e reagiu pelo Twitter, dizendo que estava viva. A microbiologista escreveu: “Nada como acordar com um artigo falso sobre sua morte… Estou indo bem”.
No último domingo, diante dos rumores, a BBC divulgou um vídeo de Elisa em que ela fala, de forma bem humorada: “Hoje é domingo, dia 26, e estou bastante viva, tomando minha xícara de chá. Três dias depois do meu aniversário e três dias depois de eu ter tomado a vacina (ou estar no grupo de controle, não sei). Estou tendo um bom domingo, e espero que todo mundo no mundo também tenha”.
Fake news has been circulating on social media that the first volunteer in the Oxford vaccine trial has died. This is not true! I spent several minutes this morning chatting with Elisa Granato via Skype. She is very much alive and told me she is feeling “absolutely fine” pic.twitter.com/iWAtYaSkRZ
— Fergus Walsh (@BBCFergusWalsh) April 26, 2020
A conta da cientista no Twitter é fechada, mas é possível ver ao lado de seu nome a inscrição “100% viva”, que ela mantém para desmentir o boato.
O texto falso afirma que Elisa, que teve a aplicação da vacina registrada em foto, também divulgada, morreu de complicações provocadas pela substância. O próprio governo britânico teve de desmentir o conteúdo, fato noticiado pelo jornal “The Guardian”.
News circulating on social media that the first volunteer in a UK #coronavirus vaccine trial has died is completely untrue.
Before sharing unsubstantiated claims online, use the SHARE checklist to help stop the spread of harmful content:
▶️ https://t.co/9rAFQES8Xm pic.twitter.com/HgG4cHnLFQ— Department of Health and Social Care (@DHSCgovuk) April 26, 2020
Elisa trabalha no Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford e é especializada em doenças infecciosas, particularmente em comportamento bacteriano. Ela integrou o primeiro grupo de humanos saudáveis a ser injetado com a vacina. Outras 800 pessoas foram recrutadas para o estudo.
Metade recebeu a vacina, e metade, uma outra vacina de controle, que protege contra meningite, mas não imuniza contra o novo coronavírus. As pessoas não sabem qual delas tomaram; só os responsáveis pelo experimento têm essa informação, para monitoramento.
Elisa disse, em entrevista à BBC, que, como cientista, está participando do processo para apoiar a ciência e o desenvolvimento da vacina, desenvolvida nos últimos meses por seus pares.
A vacina é feita com uma versão enfraquecida e modificada de um adenovírus (que causa resfriado comum) de chimpanzés e vem apresentando resultados considerados promissores pelos cientistas em ensaios clínicos. Nos próximos meses, os pesquisadores vão comparar o número de pessoas infectadas nos dois grupos, para avaliar sua eficácia e aumentar o número de participantes.
“Estamos cientes de que houve e haverá rumores e relatos falsos sobre o andamento dos testes. Pedimos às pessoas que não dêem credibilidade a eles e não os circulem”, afirma a Universidade de Oxford.