Maior cemitério da América Latina enterra 1.654 pessoas em SP em abril

Como o G1 revelou, houve aumento de 18% no número de enterros em abril na cidade. Se comparado a março, número de sepultamentos na Vila Formosa aumentou 50%. Fotógrafo registrou abertura de covas em 1º de abril e as covas quase totalmente ocupadas em 1º de maio.

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O maior cemitério da América Latina, o Complexo da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, enterrou 1.654 pessoas até 29 de abril durante a pandemia do coronavírus.

O fotógrafo da Associated Press (AP) André Penner registrou dezenas de covas do cemitério sendo abertas em 1º de abril e depois quase totalmente ocupadas nesta sexta-feira 1º de maio.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) chegou a negar que as covas abertas no cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, não foram feitas por causa da pandemia de coronavírus. A imagem foi capa do jornal norte-americano “The Washington Post”.

De acordo com o prefeito, a abertura de dezenas de covas em filas é o procedimento padrão dos cemitérios municipais nessa época do ano, quando acaba o período de chuvas.

Se comparado aos sepultamentos feitos na Vila Formosa em março, houve aumento de 50% no número de enterros: de 1.102 para 1654. O número de sepultamentos foi ainda menor em fevereiro: 880.

  • Enterros Vila Formosa
  • Abril: 1.654 (até dia 29)
  • Março: 1.102
  • Fevereiro: 880

Como o G1 revelou, o número de enterros na cidade de São Paulo até dia 22 de abril foi 18% maior do que no mesmo período do ano passado. Em 2019, foram 5.226 sepultamentos. Em 2020, com a pandemia do coronavírus, esse número subiu para 6.171.

O número leva em conta tanto os 22 cemitérios públicos da capital como os particulares. Entre o dia 1º e 22 de abril, a capital paulista teve 945 enterros a mais do que no ano passado. No mesmo período, a cidade teve 634 óbitos confirmados por coronavírus.

“É um crescimento muito significativo”, disse o epidemiologista da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Lotufo. Ele destaca ainda que o número pode ser maior, já que há pessoas mortas na capital paulista enterradas em outras cidades.

Em março, segundo a prefeitura, o aumento no número de sepultamentos foi de 1,5%, passando de 7.206 em 2019 para 7.312 neste ano nos cemitérios públicos e particulares. Oficialmente, a primeira morte por Covid-19 na cidade aconteceu no dia 16 de março.

Em meados de abril, a Prefeitura de São Paulo chegou a divulgar que a média de enterros diminuiu em março, assim como nos 10 primeiros dias de abril. Questionada, a Prefeitura ainda não esclareceu a discrepância entre os números.

Também em abril, o número de mortes em casa na capital paulista cresceu 30% em comparação com março. Segundo os números da Secretaria Municipal de Saúde, até o dia 25 de abril, pelo menos 632 pessoas morreram em casa na cidade contra 483 no mês anterior.

O mês de abril de 2020, até o dia 22, teve 945 sepultamentos a mais que o do ano passado — Foto: Fernanda Garrafiel/G1

Cemitérios públicos

Se considerarmos apenas os 22 cemitérios públicos, o aumento no número de enterros em março chega a 8,8%, de acordo com dados obtidos pelo G1 via Lei de Acesso à Informação.

Neste recorte, em março de 2020, a cidade de São Paulo teve 3.753 sepultamentos em cemitérios municipais, 304 a mais do que os 3.449 de 2019.

O número de enterros em março nos cemitérios municipais também foi o maior do ano, superando os sepultamentos de janeiro: 3.497 e os de fevereiro, 3.157.

Em todo o ano de 2019, nos 22 cemitérios públicos ocorreram, em média, 3.632 enterros por mês, de acordo com os dados obtidos via Leia de Acesso. Em nenhum dos meses, nem em julho, quando foi registrado o maior número de enterros, 4.229, o número de sepultamentos ultrapassou a marca dos 5 mil.

Plano de Contingência

Com o aumento no número de mortes na capital, em decorrência da pandemia de coronavírus, a administração municipal aumentou a capacidade de enterros e elaborou um Plano de Contingência do Serviço Funerário.

Até esta quinta-feira (30), a capital paulista registrou 1.456 mortes por Covid-19. No entanto, dados do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade (PRO-AIM), da Secretaria Municipal da Saúde, apontam que este número deve ser ainda maior.

Levando em conta apenas as mortes por causas naturais (excluindo homicídios e acidentes em geral), em março, houve 743 mortes a mais, ou 12,5% acima da média registrada no mesmo mês entre 2015 e 2019.

Valas

São Paulo também abriu 13 mil novas valas e comprar novas câmeras refrigeradas que podem armazenar temporariamente até mil corpos por dia para atender o crescente número de mortes provocadas pela pandemia de coronavírus. O Cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste, considerado o maior da América Latina, vai funcionar como centro de logística para os mortos de Covid-19.

As 13 mil valas foram abertas nos cemitérios: Vila Formosa (cerca de 8 mil), Vila Nova Cachoeirinha (cerca de 2 mil), São Luís (cerca de 3 mil).

A capacidade de enterros foi ampliada para 400 por dia. A média histórica diária de sepultamentos é de cerca de 240 por dia no período de verão. Nos meses de inverno, esse número chega a 300 por dia.

30 dias depois de estampar a capa do jornal americano Washington Post, as sepulturas abertas no Cemitério da Vila Formosa foram quase todas ocupadas. — Foto: Andre Penner/AP

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