O Amazonas começa a receber nesta segunda-feira (4) as equipes que atuarão nos hospitais como parte do programa do governo federal “Brasil conta comigo”. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, general Eduardo Pazuello, que participou de evento em Manaus neste domingo acompanhado do ministro Nelson Teich, novas contratações poderão ser feitas.
O “Brasil conta comigo” possui uma versão que prevê a contratação de profissionais de 14 áreas diferentes, como medicina, biologia e serviço social, para atuarem no combate à Covid-19 após fazerem capacitação. Eles precisam fazer um cadastro para serem convocados. Outra versão do programa estabelece a contratação de estudantes de medicina do 5º e do 6º anos, e do último ano dos cursos de enfermagem, fisioterapia e farmácia também para atuarem no combate à doença.
A capital amazonense é a primeira cidade do estado a ter integrantes do programa. “Isso vai fazer com que a a gente atenda o mais rápido possível o estado e municípios do interior. Outras contratações podem seguir nas sequências e, com isso, a gente vai atendendo todas as demandas de pessoal que se fizer necessário”, disse Pazuello.
Ministro se reúne com autoridades
O ministro Nelson Teich se reuniu neste domingo com autoridades do Amazonas para discutir o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O Amazonas tem hoje um dos piores cenários do país, com colapso no sistema público de saúde e, também, no sistema funerário. São mais de 6,6 mil casos da Covid-19 no estado.
O Amazonas é o primeiro estado a ser visitado por Teich desde que ele assumiu o Ministério da Saúde.
Teich desembarcou na cidade no fim da tarde e seguiu para a sede do governo do estado. Lá, ele e o secretário-executivo do Ministério da Saúde, general Eduardo Pazuello, se reuniram com o governador Wilson Lima e outras autoridades do estado e da prefeitura de Manaus. Depois da reunião, a portas fechadas, Teich participou de uma transmissão pela internet.
Sobre a situação da pandemia, o ministro da Saúde disse que o governo federal mapeia todo o país de forma detalhada, o que, segundo ele, permite antecipar os locais onde a doença pode crescer rapidamente e sobrecarregar o sistema de saúde.
Desde o registro do primeiro caso da Covide19 no Amazonas em 13 de março, os números de pessoas contaminadas crescem a cada dia. A alta demanda de pacientes com suspeitas da doença, junto a pessoas com outras enfermidades, causou um inchaço no sistema de saúde.
Ocupação de leitos
De acordo com a Secretária de Saúde Estadual, atualmente a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 89%, mas o índice já chegou a alcançar 96% em abril.
Além da falta de mão de obra, o sistema de saúde também registrou falta de insumos. Por conta da situação precária, quatro aeronaves da Força Aérea trouxeram, no fim de semana, mais de 450 mil equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas e aventais, álcool em gel, além de respiradores e cilindros de oxigênio para serem distribuídos em hospitais e pronto socorros do estado.
Com o aumento no número de mortes, o sistema funerário também está sobrecarregado. O feriado de sexta-feira (1º), por exemplo, registrou 151 sepultamentos nos cemitérios públicos e privados. A média diária de enterros antes da pandemia era de 30. Segundo a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana, entre as causas de morte, 12 pessoas tiveram no atestado a confirmação para Covid-19.
Como medida para atender a demanda, a Prefeitura passou a enterrar vítimas de Covid-19 em valas comuns, chamadas pelo órgão de trincheiras. O empilhamento de caixões também chegou a ser adotado no Cemitério de Aparecida – o maior de Manaus, mas foi cancelado depois de protesto de familiares. O local também passou a contar com câmeras frigoríficas para comportar caixões.
A implantação de contêineres frigoríficos também foi uma medida adotada para comportar os corpos de vítimas de Covid-19 em hospitais de Manaus, após a repercussão de um vídeo que mostra corpos posicionados ao lado de pacientes internados no Hospital João Lúcio, na Zona Leste de Manaus.
Agenda em Manaus
Nesta segunda-feira (4) em Manaus, o ministro da Saúde participa de reunião no Comando Militar da Amazônia (CMA) pela manhã. Depois, ele visita, ainda, o Hospital Delphina Aziz, referência no tratamento da Covid-19, e segue para os dois hospitais de campanha, um administrado pelo estado e outro administrado pela Prefeitura em parceria com a iniciativa privada.