Três ministros do governo, seis delegados e uma deputada federal serão ouvidos na próxima semana pela Polícia Federal em depoimentos relacionados ao inquérito que apura suposta tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro em investigações da PF, acusação feita pelo ex-ministro Sérgio Moro.
Na terça-feira (12), às 15h, serão ouvidos no Palácio do Planalto os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
Para segunda-feira (11), a Polícia Federal programou ouvir às 15h, na sede do órgão, em Brasília, o depoimento do delegado Alexandre Ramagem, que teve a nomeação para diretor-geral da instituição suspensa por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele será ouvido por um delegado do Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq), grupo da PF responsável por inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal.
Outros dois delegados devem ser ouvidos na segunda: o ex-diretor-geral, Mauricio Valeixo, às 10h, em Curitiba; e o ex-superintendente da Polícia Federal no Rio, Ricardo Saadi, às 15h, em Brasília. A PF começou na tarde desta sexta a informar os advogados sobre a data.
O objetivo do depoimento de Ramagem é esclarecer os laços dele com a família Bolsonaro e as circunstâncias da indicação para comandar a Polícia Federal.
O ex-diretor-geral Mauricio Valeixo será ouvido por ter sido demitido por Bolsonaro, que indicou Ramagem para substituí-lo, mas não conseguiu emplacar a nomeação, barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao analisar uma ação movida pelo PDT.
O ex-superintendente da PF no Rio de Janeiro Ricardo Saadi deixou o posto após críticas de Bolsonaro à atuação dele, contestadas em nota oficial pela Polícia Federal.
Na terça-feira (12), a Polícia Federal também prevê os depoimentos dos delegados Carlos Henrique de Oliveira Souza, Alexandre da Silva Saraiva, Rodrigo de Melo Teixeira e da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).
Souza, Saraiva e Zambelli serão ouvidos na sede da PF, em Brasília, às 15h. O depoimento de Teixeira está marcado para as 15h, mas em local ainda a ser definido.
Carlos Henrique de Oliveira Souza era o superintendente da PF no Rio de Janeiro e deixou o cargo nesta semana para assumir a direção-executiva da corporação, em Brasília. Ele assumiu o posto no Rio em dezembro do ano passado, quando Bolsonaro trocou o então diretor, Ricardo Saadi.
Antes de Carlos Henrique Oliveira assumir a superintendência no Rio, porém, Bolsonaro dizia que iria de nomear Alexandre da Silva Saraiva, então superintendente da PF no Amazonas.
Rodrigo de Melo Teixeira era o superintendente da PF em Minas Gerais quando começaram as investigações sobre o atentado sofrido por Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. Ele foi substituído após críticas públicas do presidente à condução dos trabalhos.
Deputada federal, Carla Zambelli enviou mensagens a Sergio Moro pedindo ao então ministro da Justiça que aceitasse a nomeação de Alexandre Ramagem e se comprometeu a falar com o presidente Jair Bolsonaro para convencê-lo a indicar Moro para o STF.
Governo tenta renomear Ramagem
Nesta sexta, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que reconsidere a decisão liminar (provisória) que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para ocupar o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
O governo pediu que a Corte libere a validação do ato de nomeação de Ramagem, amigo da família do presidente Jair Bolsonaro.
Depois da suspensão de Ramagem, Bolsonaro nomeou o delegado Rolando Alexandre de Souza para o comando da Polícia Federal. Souza era subordinado de Ramagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Rolando de Souza esteve no Palácio do Planalto nesta sexta-feira para participar de reunião com o presidente e com o ministro da Justiça, André Mendonça.
A assessoria da PF informou que eles trataram dos trâmites para nomeações de superintendentes regionais do órgão.