Manaus teve uma queda significativa no número de enterros diários em cemitérios na última semana. Além disso, de acordo com a prefeitura, houve também uma redução nos números de acionamentos do Samu na cidade. Mesmo com as estatísiticas, o Amazonas já ultrapassou a marca dos 20 mil casos de pessoas contaminadas pela Covid-19 e o prefeito declara que indicativos não são parâmetros para “vitória” contra doença.
Em nota pública, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, fez apelo para que a população respeite as medidas de prevenção e o isolamento social. No primeiro mês de quarentena no Amazonas, em março, apenas 52,2% da população respeitou a recomendação. A capital concentra 51,2% dos casos de Covid-19 no estado, com mais de 10,407 contaminados, com 949 mortos.
Quanto à redução nos números diários de enterros na capital amazonense, a média passou de 118 para 59 enterros diários. Neste período, 44 pessoas foram cremadas. Os números foram analisados desde o dia 26 de abril, quando foi registrado o pico de 140 sepultamentos em 24 horas, o maior desde o início da pandemia de Covid-19.
“Se nós enterramos no sábado (16) 59 pessoas e antes eram mais de 100, isso significa uma melhora. Se antes o Samu não dava conta de atender aos chamados e agora recebe cerca de 60 por dia, também é sinal de melhora. Porém não há vitória. O que há é um progresso”, diz o prefeito em pronunciamento.
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e apresentado ao Comitê de Crise estadual estima que entre 220 mil e 330 mil pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus em Manaus.
Arthur citou os resultados iniciais do EpiCovid-19, pesquisa nacional feita pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) a pedido do Ministério da Saúde sobre a propagação do coronavírus no Brasil. A pesquisa aponta que, na capital, cerca de 11% da população pode estar contaminada.
“O resultado da pesquisa aponta que apenas 11% da população está, ou já teve, o novo coronavírus e a maioria é assintomática. Por outro lado, especialistas apontam que é necessário 50% da população se contaminar para chegarmos ao que chamam de ‘imunização de rebanho’, ou seja, ainda temos muita luta pela frente”, articulou Arthur.
Casos tiveram aumento de mais de 1000%
O número de casos da Covid-19 confirmados no Amazonas aumentou 1.184% em um mês. A quantidade de mortes pela doença também subiu: a alta foi de 1.074%. Com os altos números de pessoas infectadas, o estado registra um dos piores cenários do paí.
O pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Alexander Steinmetz alerta que a queda no índice de isolamento da população é preocupante.
“Com o distanciamento social atual estamos ainda numa situação que eu poderia chamar à beira de um precipício. Só será, de fato, possível reduzir o número de infectados de forma significativa nas próximas semanas se nós tivermos uma adesão bem maior ainda ao distanciamento social e as medidas de contenção”, disse.