Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostrou que o Acre está entre os cinco estados do país mais afetados pela crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus. O dado foi divulgado pela Rede Amazônica Acre, nesta quinta-feira (28).
O estudo mostrou que o estado acreano tem aproximadamente 29 mil micro e pequenas empresas. Do total, 25 mil são microempreendedores individuais e 68% foram diretamente afetados pelo fechamento dos serviços não essenciais.
Um dos trabalhadores afetados foi o Igor Alves, que é produtor cultural do rock e tem uma loja de roupas e acessórios no estado acreano. Com a pandemia, nenhuma das atividades está gerando renda no momento. Uma vez ou outra que ele faz entregas de alguns produtos para não perder as vendas.
“É um momento muito difícil, a gente vem tentando trabalhar de forma remota para que nossos clientes fizessem as compras de casa mesmo e a gente oferecesse várias formas de pagamento e entregasse”, lamentou.
Apesar de concordar com as medidas de isolamento, ele diz que se vê em uma situação complicada para honrar os compromissos com os fornecedores, mesmo tendo recebido o auxílio de R$ 600 do governo federal.
“Consegui o auxílio emergencial, com muito tempo depois consegui. A segunda parcela saiu, mas a gente não pode mexer nela se não for fazer pagamento digital. Está em uma poupança digital e a gente precisa de dinheiro, tem que pagar conta, precisamos pagar um aluguel que não dá para pagar assim [pelo cartão virtual]. Bom, estamos recebendo, é pouquíssimo, mas melhor do que nada”, frisou.
No Acre, os serviços não essenciais estão suspensos desde 20 de março, logo após o estado confirmaram os três primeiros casos de Covid-19.
O decreto de suspensão das atividades foi renovado pelo governo no último dia 18 e tem validade até domingo (31).
Ajuda
Segundo o diretor do Sebrae, Lauro Santos, algumas medidas são adotadas para que os microempresários, como o Igor Alves, possam ter acesso aos créditos que ajudam a manter as empresas ativas.
“Estamos procurando, já conversei com o Sicrei, Sicobe e a Capital Crédito, que são as cooperativas que atuam na capital no Acre, buscando sensibilizá-los para que façam um convênio com o Sebrae para utilizar nosso fundo de aval de micro e pequena empresa, que avalia as operações em até 80%”, destacou.
Porém, o cenário não é tão motivador. O estudo mostra que 86% das empresas que buscam a linha de crédito estão tendo os pedidos negados ou não tiveram nenhum tipo de resposta, sendo que 55% dos empregos no Brasil são gerados por microempresas.
“Isso está, inclusive, forçando o governo a buscar medidas alternativas e editar novas medidas provisórias, facilitando o acesso ao crédito”, afirmou Santos.
Uma das medidas adotadas para o fortalecimento do pequeno negócio é a regulamentação do programa nacional de apoio a microempresas e empresas de pequeno porte, previsto para estar disponível no próximo mês. Para o diretor do Sebrae, os microempresários estão ansiosos aguardando essa regulamentação.
“Então, nosso cálculo, com a estimativa dele, seria aí no início de junho, primeira semana de junho, que é o que o mercado e as microempresas estão aguardando com ansiedade essa liberação do crédito”, concluiu.