Um novo livro sobre Donald Trump, escrito por uma sobrinha do presidente americano, vendeu quase um milhão de cópias no primeiro dia em que foi colocado à venda nos Estados Unidos, informou sua editora nesta quinta-feira (16/07).
Too Much and Never Enough: How My Family Created the World’s Most Dangerous Man (Demais e nunca o suficiente: como minha família criou o homem mais perigoso do mundo, em tradução livre), de Mary L. Trump, é apresentado como o primeiro livro retratando negativamente o republicano escrito por um membro de sua própria família.
Mary, uma psicóloga cujo pai era o irmão mais velho de Trump, Fred Jr. – morto em 1981 aos 42 anos em consequência de alcoolismo –, acusa o presidente de arrogância e ignorância e diz que ele se encaixa nas características clínicas de um narcisista.
As 950 mil cópias vendidas na terça-feira, incluindo pré-encomendas e versões em áudio e digitais, são um recorde para a editora Simon & Schuster, informou a empresa em comunicado.
A Casa Branca refutou a obra como um “livro de falsidades”.
O irmão mais novo do presidente, Robert Trump, recorreu – sem sucesso – à Justiça para tentar bloquear a publicação, argumentando que Mary estava violando um termo de confidencialidade assinado em 2001 no âmbito de um acordo envolvendo uma disputa judicial sobre os bens de seu avô.
A Simon & Schuster encomendou mais cópias impressas, o que elevará o número para 1,15 milhão apenas no mercado americano. O livro também encabeça as listas de mais vendidos da Amazon no Canadá e na Austrália.
O livro é a segunda publicação sobre o presidente lançada em menos de dois meses com descrições prejudiciais à imagem do republicano, depois do best-seller The room where it happened (A sala onde tudo aconteceu, em tradução livre), escrito por John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump.
Numa entrevista concedida nesta semana à emissora americana ABC, Mary Trump afirmou que, caso encontrasse Trump, diria para ele renunciar e que ele é um homem incapaz de desempenhar a presidência dos EUA.
Mary descreve o tio como um narcisista mentiroso moldado pelo pai dominador e por um ambiente familiar nocivo, segundo trechos divulgados previamente. Ela conta que o presidente pagou um de seus colegas para fazer o exame SAT, um teste de admissão em universidades.
O livro traz uma visão psicanalítica da família de Trump de uma pessoa treinada na área, que vê as características que tanto despreza no tio como uma progressão natural do comportamento do pai dominador dele, Fred Trump, que criou um ambiente doméstico abusivo e traumático.
Mary também fala sobre a morte de seu pai, Fred Jr., quando ele tinha 16 anos. O presidente, que raramente admite seus erros, afirmou no ano passado ao jornal The Washington Post que se arrepende da pressão que ele e o pai exerceram sobre Fred para que tivesse participação nos negócios da família, que queria seguir a carreira de piloto.
MD/afp/efe