ADEUS ao CHAVES: Por Que os Programas de Roberto Bolaños ESTÃO SAINDO do AR no MUNDO

No Brasil, o SBT confirmou ter recebido uma notificação da Televisa para informar sobre a suspensão do contrato por "um problema pendente a ser resolvido com o titular dos direitos das histórias".

0
881

 

Os conhecidos personagens Chaves e Chapolin, do comediante mexicano Roberto Bolaños ‘Chespirito’ (1929-2014), não serão mais vistos nos canais de cerca de 20 países onde eram transmitidos — desde os anos 1970, em alguns deles.

Roberto Gómez Fernández, filho de Bolaños, foi quem deu a notícia na última semana.

“Minha família e eu espero que Chespirito esteja em breve nas telas do mundo”, escreveu o filho do comediante em uma postagem no Twitter.

O cancelamento da exibição é devido a um disputa entre a rede de televisão mexicana Televisa, que tinha os direitos dos programas, e a família de Bolanõs, que é proprietária dos direitos de exploração comercial dos personagens.

No Brasil, o SBT confirmou ter recebido uma notificação da Televisa para informar sobre a suspensão do contrato por “um problema pendente a ser resolvido com o titular dos direitos das histórias”.

“O SBT lamenta a decisão, principalmente em respeito ao seu público, que acompanha fielmente os seriados há tantos anos na emissora”, afirmou o canal. O SBT diz que “continua na torcida para um acordo entre as duas empresas mexicanas o mais rápido possível e, se isto acontecer, teremos o prazer de informar aos fãs de Chaves, Chapolin e Chespirito, imediatamente”.

O canal Bolivisión, na Bolívia, também anunciou que a suspensão temporária da exibição no país se deve a “desentendimentos entre os donos dos direitos”.

Diversas crianças de pé em um gramado vestem fantasias de Chaves e de Chapolin

A Televisa não comentou o caso nem respondeu ao pedido de informações da BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

O Grupo Chespirito, empresa que administra as licenças de exploração comercial dos personagens e é dirigido por Gómez Fernández, também não divulgou mais detalhes do conflito.

‘Televisa não quis pagar’

Mas quem quebrou o silêncio para esclarecer o que aconteceu foi Edgar Vivar, que interpretou os personagens Nhonho e Senhor Barriga no programa do Chaves.

Entrevistado pela emissora Radio Fórmula, o ator revelou que Chespirito havia cedido à Televisa os direitos de seus personagens até 31 de julho de 2020.

Quando essa data chegou, “esses direitos não foram renovados, a Televisa não quis pagar”, disse Vivar, que afirmou ter as informações “em primeira mão” depois de conversar com Gómez Fernández, filho do comediante.

O comediante Chespirito em frente a um desenho com o personagem Chaves

Vivar acrescentou que, na ausência de um acordo, os direitos dos personagens agora são propriedade dos herdeiros e podem ser adquiridos por outros canais.

Crítica da decisão

A filha do falecido ator, Graciela Gómez Fernández, também criticou o cancelamento dos programas. “É uma pena que aqueles que mais se beneficiaram dos programas de Chespirito hoje afirmem que eles não valem mais nada.”

Florinda Meza, a viúva de Chespirito e que deu vida ao personagem Dona Florinda em Chaves, também fez uma crítica à Televisa.

“É triste ver como em sua própria casa, a quem você deu milhões de dólares, é onde você tem menos valor”, disse ela.

Este não é o primeiro conflito de direitos ocorrido em torno das marcas de Chespirito.

Desde o início de seus programas, Gómez Bolaños registrou os direitos dos personagens que ele havia criado. Isso causou problemas legais com alguns de seus colegas de elenco, como Carlos Villagrán (Quico) e María Antonieta de las Nieves (Chiquinha), que foram impedidos de interpretar seus personagens sem pagar royalties.

Um fenômeno mundial

O programa Chespirito começou a ser exibido em 1970 e, durante anos, contou com personagens que se tornaram emblemáticos da cultura popular mexicana e latino-americana, como o Chaves e o Chapolin Colorado.

O último show original foi ao ar em 1995. No entanto, continuou a ser exibido em cerca de 20 países ao redor do mundo.

Segundo o site do agente de licenciamento do Grupo Chespirito, em cerca de vinte países o programa do Chaves alcançou mais de 114 milhões de espectadores.

Vivar afirmou que a disputa “dará a oportunidade de renegociar um negócio que deu à Televisa muitos milhões de dólares. Como intérprete do programa, grande parte desse dinheiro não foi vista por nós”.

Chespirito segura seu livro de memória ao lado da mulher

A verdade é que calcular os ganhos gerados pelos programas é quase impossível. A revista Forbes publicou em 2012 que, desde o final das gravações do programa, a Televisa tinha tido um lucro de cerca de US $ 1,7 bilhão graças às reprises.

Tanto a família do ator quanto a Televisa disseram na época que esses números não estavam corretos. Mas a marca Chespirito não se reduz apenas ao programa do Chaves, mas também inclui séries de televisão animadas, roupas, brinquedos e videogames, entre outros mercados.

Este ano, seu filho abriu no México um restaurante temático baseado no que vende sanduíches de presunto — a refeição favorita do personagem.

Outro projeto em andamento promete continuar o legado de Chespirito: uma série sobre a vida de Roberto Gómez Bolaños. Baseada na sua autobiografia Sem Querer Querendo, a série é coproduzida pelo Grupo Chespirito e está programada para estrear em 2021.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui