Governo do Paraná e Rússia vão assinar acordo para fabricação de vacina contra coronavírus

Presidente Vladimir Putin anunciou mais cedo que vacina é a 1ª a ser registrada no mundo; comunidade científica ainda não tem comprovação de sua eficácia. Previsão é que distribuição no Brasil ocorra em 2021, mas Anvisa ainda precisa liberar.

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O governo do Paraná anunciou que vai assinar um convênio com a Rússia para produzir a vacina Sputnik V. O anúncio foi feito horas após o presidente russo, Vladimir Putin, divulgar a vacina como a primeira registrada no mundo.

vacina russa é questionada pela comunidade internacional porque ainda se sabe pouco sobre sua eficácia. O site oficial sobre a pesquisa afirma que, no dia 1° de agosto, os testes de fase 1 e 2 foram concluídos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que sejam realizadas três etapas de testes.

Por meio de nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que o laboratório russo responsável pelo desenvolvimento da vacina não apresentou nenhum pedido de análise desta vacina pela agência. Veja a nota no fim da matéria.

Resumo

  • Convênio deverá ser assinado pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e pelo embaixador da Rússia, Sergey Akopov, na tarde desta quarta-feira (12).
  • Anvisa ainda precisa liberar realização dos procedimentos necessários para os testes.
  • O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) será responsável por todas as etapas, desde a pesquisa até a distribuição das doses da vacina russa, desde que haja liberação da Anvisa.
  • Previsão é que distribuição no Paraná não comece antes do segundo semestre de 2021.
  • Governo paranaense vinha discutindo parceria com Rússia desde julho.
  • Atualmente, três vacinas contra o novo coronavírus e que estão em estágios mais avançados de pesquisa são testadas no Brasil. Duas vacinas são de laboratórios chineses e a terceira da Universidade de Oxford.

Segundo o governo do Paraná, o passo seguinte à assinatura do acordo é o compartilhamento do protocolo russo com a Anvisa, para que a agência brasileira libere a realização dos procedimentos necessários para os testes. Jorge Callado, presidente do Tecpar, ressaltou que a pesquisa vai avançar conforme o compartilhamento as informações.

“Antes da liberação, não há possibilidade de colocar nada em prática. Reitero que a prudência e a segurança são palavras-chave nesse processo”, declarou o presidente do Tecpar.

“É importante essa assinatura para que essa condição de troca de informações comece”, afirmou Callado. “Cada passo no seu momento adequado, não podemos queimar etapas.”

Vacina russa

Após o anúncio do registro da vacina pelo presidente russo, a OMS declarou nesta terça que a Rússia “não precisa de sua aprovação [da OMS” para registrar a vacina. No entanto, a entidade precisará ter acesso aos dados da pesquisa para avaliar a eficácia e a segurança da imunização para poder aprová-la.

Conforme as informações do site da vacina russa, o Brasil vai participar da fase 3 dos estudos clínicos. A Anvisa informou que testes só poderão ocorrer após a liberação da agência. Ainda não há o pedido para isso e nem uma data para ocorrer, ainda conforme a Anvisa.

O site russo informou que deve haver voluntários da própria Rússia, dos Emirados Árabes, da Arábia Saudita e do México.

Instituto paranaense foi procurado por russos

Ao anunciar a parceria com a Rússia, o presidente do Tecpar disse estar otimista com a possibilidade de ter resultados positivos com a imunização. Contudo, o presidente do instituto ressaltou em, entrevista à GloboNews, que a produção e a distribuição serão pautadas pela segurança e prudência.

“É um laboratório de referência em termos internacionais. Após esse ajuste com o governo da Rússia, as tratativas tecnológicas e científicas começam. É importante nos pautarmos com prudência, segurança e transparência dentro desse processo”, afirmou Jorge Callado.

“É algo muito preliminar. Não existe compromisso de produção firmado enquanto as etapas não forem validadas, não forem consolidadas e não forem liberadas pela Anvisa. É um começo de um intercâmbio de informações. Nós avançaremos se tivermos informações necessárias para tanto. Caso contrário, não”, pontuou o presidente do Tecpar.

Sobre a parceria entre o estado e o governo russo, Callado contou que o Tecpar foi procurado pela embaixada Russa porque o instituto é reconhecido pela inovação.

Pesquisas

Ao todo, 165 vacinas contra a Covid-19 estão sendo pesquisadas em todo o mundo, segundo os dados da OMS no dia 31 de julho. Cinco dessas imunizações estão na fase final de testes em humanos (a fase 3).

Em julho, foi anunciado o início dos testes de uma vacina chinesa contra o novo coronavírus no Brasil. No Paraná, profissionais de saúde voluntários – público considerado mais exposto ao contágio – foram os primeiros a receber as doses da pesquisa chinesa.

O que diz a Anvisa

“Até o momento o laboratório russo responsável pelo desenvolvimento da vacina não apresentou nenhum pedido de autorização de protocolo de pesquisa ou de registro da vacina para a Anvisa. Também não há solicitação de qualquer entidade ou parceiro da referida vacina.

A análise da Anvisa começa a partir da solicitação do laboratório farmacêutico.

Desta forma, não é possível para a Agência fazer qualquer avaliação ou pronunciamento em relação a segurança e eficácia deste produto antes que tenha acesso a dados oficiais apresentados pelo laboratório.

Também não é possível fazer qualquer afirmação sobre expectativa de aprovação e de tempo antes que haja uma solicitação formal à Anvisa desta vacina específica.

A Anvisa tem a função de avaliar os pedidos de registro e autorizações de estudos apresentados pelos laboratórios farmacêuticos que tem interesse em colocar seus medicamentos e vacinas no Brasil. A avaliação da Anvisa tem foco na segurança e eficácia que são os requisitos fundamentais para qualquer medicamento ou vacina”.

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