A cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, alertou nesta segunda-feira (24) que o tratamento da Covid-19 com plasma convalescente (material com anticorpos retirado do sangue de pacientes que já se recuperaram da doença) ainda é experimental.
“O que envolve é coletar plasma de pessoas que se recuperaram da Covid e usar para transfundir em alguém que está doente. Geralmente, é usado em pacientes gravemente doentes, hospitalizados”, explicou a cientista.
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A foto, tirada em um hospital em Bogotá, na Colômbia, no dia 12 de agosto, mostra bolsas de plasma doadas por um médico que se recuperou da Covid-19. O tratamento pode ajudar pacientes que estão infectados pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). — Foto: Raúl Arboleda/AFP
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“Existem vários ensaios clínicos acontecendo ao redor do mundo, olhando para o plasma convalescente comparado ao tratamento padrão. Apenas poucos deles relataram resultados”, disse. “Claro que países podem fazer o uso emergencial se acharem que os benefícios superam os riscos, mas isso normalmente é feito enquanto se espera por evidências mais definitivas”, ponderou.
No domingo (23), a agência reguladora dos Estados Unidos, a FDA (espécie de Anvisa americana), aprovou o uso emergencial da substância para tratar a Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2).
“Em todas as terapias, pode haver riscos”, pontuou Bruce Aylward, conselheiro sênior do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Profissional de saúde segura bolsa de plasma doada por médico que se recuperou da Covid-19 em hospital de Bogotá, na Colômbia, em foto tirada no dia 12 de agosto. O tratamento com plasma convalescente pode ajudar pacientes infectados pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) a combater a doença. — Foto: Raúl Arboleda/AFP
Possível reinfecção
Maria van Kerkhove, líder técnica do programa de emergências da OMS — Foto: Christopher Black/OMS
A líder técnica da OMS, Maria van Kerkhove, foi questionada sobre um possível caso de reinfecção em Hong Kong, onde um paciente de 33 anos teria se infectado pela segunda vez com a Covid-19. De acordo com van Kerkhove, os cientistas da universidade encontraram várias mutações no Sars-CoV-2 na segunda infecção.
Segundo van Kerkhove, os cientistas fizeram um sequenciamento genético do vírus encontrado na segunda infecção, e descobriram 24 partes do código genético que era diferente do primeiro vírus.
Ela lembrou ainda, que, segundo o que se sabe até agora, todos que são infectados pelo Sars-CoV-2 desenvolvem algum nível de imunidade contra ele – a questão é saber o quão protetora ela é e por quanto tempo dura.
No Brasil, a USP apontou, no início do mês, um possível caso de reinfecção pela doença em uma técnica de enfermagem, em Ribeirão Preto. Ela apresentou, pela segunda vez, os sintomas da doença, e teve um segundo resultado positivo no teste diagnóstico.
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Em junho, pesquisadores brasileiros sequenciaram, em parceria com a Universidade de Oxford e o Imperial College de Londres, mais de 400 códigos genéticos diferentes do coronavírus no país. Os cientistas já haviam conseguido sequenciar, em tempo recorde, o genoma do vírus responsável pelo primeiro caso brasileiro, em fevereiro.