O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (26), em evento na Usiminas em Minas Gerais, que a atual proposta do Renda Brasil está suspensa. O programa é aposta do governo para turbinar a popularidade do presidente, mas enfrenta resistência da equipe econômica.
O Renda Brasil é uma proposta que está sendo preparada pelo governo para unificar o Bolsa Família e outros programas sociais, e surge como um substituto do auxílio emergencial (R$ 600). O ministro da Economia, Paulo Guedes, sugere pagamento de até R$ 250, mas Bolsonaro quer valor maior.
Bolsonaro afirmou que não pretende tirar os recursos de outros programas para custear o Renda Brasil.
“Não podemos fazer isso aí, como, por exemplo, a questão do abono para quem ganha até dois salários mínimos, que seria um 14º salário. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar ao Bolsa Família, ao Renda Brasil ou como for chamar esse novo programa”, concluiu.
As declarações repercutiram nos mercados, em meio às incertezas sobre a agenda do governo para as contas públicas e às preocupações com as divergências entre a equipe de Guedes e Bolsonaro. Por volta de 13h15, o dólar subia 1,18%, negociado a R$ 5,59 e o Ibovespa caía 1,54%, aos 100.546 pontos.
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Queda de braço
Com a crítica pública à proposta, o presidente frisou a insatisfação com os rumos da discussão com a equipe de Guedes sobre o novo programa. No governo se instalou um impasse para criação do benefício.
De um lado, o presidente resiste sinalizando que quer manter todos os programas sociais já existentes, enquanto o ministro Paulo Guedes debate nos bastidores eliminar benefícios não tão distributivos para ‘vitaminar’ o Renda Brasil (veja a análise abaixo).
Auxílio emergencial
Bolsonaro reafirmou ainda que vai manter o auxílio emergencial até dezembro – ainda sem valor definido –, mas destacou que o país precisa voltar a produzir.
Bolsonaro participou de enento de religamento de forno na Usiminas — Foto: Joana Teles/Inter TV dos Vales
Religamento de forno
O presidente está em Ipatinga, onde participou da retomada das operações do forno 1 da siderúrgica Usiminas. O equipamento é um dos 3 operados pela gigante siderúrgica na cidade e estava parado desde abril, por causa da pandemia do coronavírus.
No evento, acompanhado por mais de 300 trabalhadores e pelos ministros Braga Neto e General Heleno, o presidente destacou a necessidade da participação do povo na retomada econômica do país.
“Não posso fazer milagre e conto com cada um dos brasileiros para que possam fazer o melhor de si para tirar o Brasil da situação difícil que se encontra, que não é de hoje. Precisamos gerar emprego, trabalhar, e que cada um, na medida do possível, busque seu sustento com o suor do próprio rosto”, afirmou.
Agenda na cidade
Bolsonaro chegou à cidade por volta de 10h e esteve com apoiadores que o aguardavam. O presidente não usou máscara de proteção contra a Covid-19, que éobrigatória no estado , e provocou aglomeração.
Após a visita às instalações da empresa, que terminou por volta das 13h, o presidente seguiu para um almoço e depois é aguardado em evento pró-governo com simpatizantes.