A Polícia Civil identificou um homem suspeito de ter ameaçado de morte a vereadora eleita de Joinville, no Norte de Santa Catarina, Ana Lúcia Martins (PT) na última semana. Nesta manhã de domingo (22), agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão na residência do suspeito. Ele foi interrogado e segue solto.
Segundo Cláudia Gonçalves, titular da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI), o suspeito possui problemas psiquiátricos e mora com a mãe. (Leia mais abaixo).
Ana Lúcia, primeira vereadora negra eleita na cidade, foi vítima de ameaça e injúria racial após o resultado das eleições municipais 2020. Em uma publicação pelas redes sociais, um perfil sugeriu matá-la para que o suplente branco pudesse entrar no legislativo municipal. A postagem já foi apagada.
“Ele tem esquizofrenia, então provavelmente ele vai passar por procedimento em sanidade. A atuação será em conjunto com o Ministério Público para comprovar autuação”, disse a delegada nesta manhã, logo após a operação.
O cumprimento do mandado ocorreu no bairro Paranaguamirim, na região sul do município. Segundo as investigações, ao menos nas postagens pelas redes sociais ele agiu sozinho. Mesmo assim, o caso segue: “Talvez tinha gente por trás”, afirmou a delegada.
Ao menos quatro mensagens contra a vereadora foram publicadas na última segunda-feira (16). Um dos comentários dizia: “os fascistas mandaram avisar que ela que se cuide”. Em outro post, a publicação afirma: “Agora só falta a gente m4t4r el4 [sic] e entrar o suplente que é branco”.
Equipamentos eletrônicos, como computador e celulares, foram apreendidos na residência e passarão por uma perícia. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) acompanha o caso.
Após a divulgação do caso, o Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC) repudiou os ataques à Ana Lúcia. O órgão oficiou à Secretaria de Segurança Pública (SSP) requerendo prioridade na investigação do crime.
Vereadora eleita
Ana nasceu no bairro Floresta, zona Sul de Joinville, atuou como servidora pública, professora e é uma das lideranças na defesa dos direitos das mulheres, da população negra, imigrantes e de comunidade periféricas na cidade, que é o maior colégio eleitoral de Santa Catarina.
Ao G1 SC, a vereadora disse na quinta (19) que, quando soube da ameaça de morte publicada em uma rede social, na terça (17), durante a reunião com assessores, ela logo pensou: “Vai acontecer comigo o que aconteceu com a Marielle. E eu me perguntava, gente, mas eu nem assumi o mandato”.
o mesmo tempo, a vereadora eleita classificada em sétimo lugar nas eleições municipais afirma que o episódio dá força para seguir com os planos de candidatura de paz no Legislativo. Ela assume para a gestão 2021 – 2024.
“Desde a minha adolescência eu participo de movimentos sociais, participo do movimento negro, da organização de mulheres negras e todos esses movimentos fortaleceram essa candidatura e todos esses movimentos e muitos outros estão sendo solidários. Ninguém vai nos impedir de ocupar este lugar”, afirmou.