Adélio Bispo, responsável por dar uma facada no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018, deu detalhes das motivações para o ato, dizendo que houve razões políticas e religiosas e ainda afirmou que considera o presidente um impostor. O vídeo com o depoimento de Adélio foi feito pela Polícia Federal e divulgado nesta sexta-feira (27) pela revista Veja.
Internado compulsoriamente por transtornos mentais, Adélio revela que agiu por “ordem divina” e que tinha desprezo pelo então candidato porque Bolsonaro. Segundo ele, o atual presidente, que é católico, tinha se “infiltrado” no meio evangélico para angariar votos.
“Ele é um impostor, meramente um impostor”, disse. Ele foi considerado inimputável pela Justiça devido aos problemas mentais diagnosticados. Ou seja, estará isento de pena em razão de doença que, ao tempo da ação não era capaz de entender o caráter ilícito do fato.
Desde então, está internado no presídio federal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde ele diz sofrer retaliações por ter tentado matar Bolsonaro e onde prestou seus últimos depoimentos gravados em vídeo. A revista não indicação da data da gravação.
Adélio ainda diz que planejou o ato com pouca antecedência — três dias antes da visita de Bolsonaro à cidade de Juiz de Foram, em Minas Geras — e que tinha “ordem divina”. Ele conta que, no dia do ato, pensou em desistir quando Bolsonaro entrou em um prédio público. Segundo ele, até o roubo de uma arma de fogo de um policial militar no local para tentar matar o candidato com um tiro foi cogitado.
Segundo dois relatórios da Polícia Federal, Adélio agiu sozinho e não fazia parte de nenhum plano maior para tirar a vida de Bolsonaro — tese que Bolsonaro chegou a discordar mesmo em discurso nas Nações Unidas. O autor do atentado disse que não se arrepende do ato, e que estava pronto para morrer fuzilado após a facada. “Para minha surpresa, estou vivo. Com todos esses problemas, mas vivo.”
No depoimento, ele afirma que esteve próximo do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) em um clube de tiro em Florianópolis tempos antes. Porém, não havia recebido “ordem divina” para atentar contra o filho do presidente. “Eu não tinha pensado. Quando ele [Deus] disse, eu fiquei até surpreso”, disse.
Em alguns momentos, ele fala sobre a teoria de que a Maçonaria é mantida com recursos do estado, e que mesmo um agente do FBI o visitou em Balneário Camboriú (SC), em 2016, quando ele ainda trabalhava como garçom.