Um dos últimos presidentes a reconhecer a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro teria sido instruído pelo embaixador Nestor Forster a agir dessa forma.
A informação é do jornal O Estado de S.Paulo, que teve acesso a mensagens enviadas ao presidente do Brasil.
Na contramão de observadores americanos e europeus, o diplomata enviou a Brasília, ao longo da contagem dos votos, descrições baseadas em análises e notícias falsas que questionavam a lisura da disputa vencida por Joe Biden.
Durante a apuração, Bolsonaro demonstrou sintonia ao discurso eleitoral de Trump, algo incomum na história da diplomacia nacional, a ponto de não comentar a derrota do aliado.
Uma série de cinco telegramas, obtidos pelo jornal por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revela a atuação do embaixador na missão de orientar o governo brasileiro.
Nas mensagens, o diplomata repassou, num primeiro momento, análises que enfatizavam a desconfiança no processo eleitoral e, depois, com a confirmação do resultado favorável a Biden, relatos que apostavam numa virada de mesa nos tribunais.
Os textos enviados entre 5 e 12 de novembro pelo embaixador, num total de 22 páginas, destacaram comentários e expectativas de aliados do candidato republicano.
Nas mensagens a Brasília, Forster Junior atribuiu as acusações de fraudes sempre a “relatos” que disse ter ouvido. Sem citar fontes, ele registrou, no mesmo dia 6, “tráficos de cédulas eleitorais em pequena escala”, “intimidação e restrição de acesso de observadores eleitorais a locais de contagem de votos” e critérios de segurança “insuficientes” para verificação de assinaturas de eleitores em envelopes com cédulas enviados pelo correio.
O diplomata relatou ainda ter ocorrido “correção de cédulas preenchidas incorretamente por eleitores, de modo indevido, por mesários”.