Em 2º dia de julgamento de impeachment no Senado, democratas acusam Trump de incentivar violência

A Câmara dos Deputados acusa Trump de ter incitado uma insurreição depois de fazer um discurso em 6 de janeiro no qual exortou seus apoiadores a marchar até o prédio do Congresso dos EUA, onde congressistas estavam reunidos para certificar a vitória eleitoral do presidente Joe Biden.

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O grupo de parlamentares do Partido Democrata que atuam como promotores de acusação no julgamento de impeachment contra Donald Trump iniciaram nesta quarta-feira (10), segundo dia de sessão, as argumentações pela condenação do ex-presidente dos Estados Unidos. Segundo os deputados, o republicano começou a incentivar a violência meses antes da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro.

“Ele disse ao grupo para que lutassem como o diabo, e eles nos trouxeram o inferno naquele dia”, afirmou o deputado democrata Jamie Raskin que lidera a equipe de acusação.

Trump é processado por ter incitado a insurreição em 6 de janeiro, data em que um grupo de apoiadores extremistas invadiu a sede do Congresso no momento em que os parlamentares oficializavam a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais — uma etapa apenas formal antes da posse. No tumulto, cinco pessoas morreram (leia mais sobre a acusação no fim da reportagem).

Nesta primeira etapa do julgamento, são os democratas que apresentam a acusação. Os parlamentares contra Trump devem mostrar novas imagens de dentro do Capitólio no dia da invasão.

“O vídeo mostra uma visão do Capitólio bem impressionante, uma visão do ataque que nunca foi vista antes pelo público”, disse um dos deputados à emissora NBC.

Julgamento de impeachment

Senador Patrick Leahy, presidente do processo de impeachment de Donald Trump, conduz o juramento dos senadores que atuarão como jurados, em foto de 26 de janeiro — Foto: Senate Television via AP

O processo de impeachment passou na Câmara antes mesmo de Trump deixar o cargo. Porém, o Senado só teve tempo para iniciar o julgamento após a posse de Biden. A constitucionalidade do julgamento de um ex-presidente chegou a entrar em questão, mas por duas vezes os senadores aprovaram que o processo seguisse em frente.

Se condenado por 67 votos no mínimo, cenário ainda improvável, uma nova votação pode cassar os direitos políticos do republicano.

No primeiro dia de sessão, os senadores aprovaram por 56 votos a favor e 44 contra a constitucionalidade do julgamento de um presidente que já deixou o mandato. Com o Senado dividido igualmente entre governistas e republicanos na oposição, o resultado significa que seis senadores do partido de Trump pretendem seguir em frente com o processo.

Entretanto, esse número ainda é insuficiente para condenar Trump. Seriam precisos 17 senadores republicanos dispostos a condenar o ex-presidente, e, por enquanto, não houve nenhuma movimentação que apontasse que esse total seria atingido. É esperado, ao mesmo tempo, que todos os 50 senadores democratas e os independentes que votam com o partido de Biden aprovem condenar Trump.

Crime ao incentivar invasão

O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa para apoiadores enquanto o Congresso se reúne para certificar a vitória de Biden — Foto: Evan Vucci/AP Photo

O julgamento está transcorrendo dentro do mesmo prédio onde senadores foram obrigados a fugir um mês atrás quando uma multidão invadiu o edifício.

Nove deputados democratas que atuam como procuradores contra Trump iniciaram os procedimentos na terça-feira exibindo um vídeo contundente que alternou trechos do discurso de Trump e cenas do ataque, incluindo alguns que mostraram policiais sendo agredidos e um agitador baleado fatalmente pelas autoridades.

Os democratas acusaram Trump de cometer um crime imperdoável ao incentivar seus apoiadores a impedirem uma transferência de poder pacífica, um bastião da democracia norte-americana.

“Se isto não é um crime digno de impeachment, então tal coisa não existe”, disse o deputado Jamie Raskin, que fez um discurso emotivo contando como foi separado de sua filha e seu genro durante a violência.

Os advogados de Trump argumentaram que a retórica de seu cliente, incluindo as alegações falsas de que a eleição foi roubada, está protegida pela garantia da Primeira Emenda da Constituição à liberdade de expressão e que os indivíduos que invadiram o Capitólio são responsáveis por seu próprio comportamento criminoso, e não Trump.

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