As pequenas empresas usam cada vez mais redes sociais para vender no Brasil. Com as restrições de circulação e lojas fechadas por causa do coronavírus, número de negócios que utilizam essas plataformas subiu de 59%, em maio, para 70%, no final de 2020.
O levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também mostra que WhatsApp, Instagram eFacebook são as principais ferramentas de tecnologia dos pequenos empresários.
O WhatsApp é usado por 84% das pequenas empresas que trabalham on-line; o Instagram tem 54% de penetração; e o Facebook, 51%.
Com a chegada da Covid-19, donos de negócios que não estavam no meio on-line foram pegos de surpresa. “Muitos empreendedores tiveram que mudar rapidamente para o digital”, explica Tonet.
A empresária Natali Soares, de 25 anos, é um exemplo de quem começou a investir nas redes sociais muito antes da pandemia .
O G1 reúne aqui dicas de especialistas para se dar bem nas postagens:
- Utilizar todas as redes possíveis, mas com foco em WhatsApp, Facebook e Instagram.
- Monitorar resultados das postagens por meio das estatísticas, comentários, curtidas, ganho/perda de seguidores.
- Fazer posts que vão além de ofertas, mostrando bastidores, processos de produção e quais são os valores da empresa.
- Humanizar sua linha do tempo nas redes. O cliente quer saber quem está por trás da tela, então o próprio dono pode aparecer nos posts.
- Postar com frequência, mas de forma balanceada. A cada 10 posts, apenas 2 de ofertas.
- Caprichar no visual. Os posts devem seguir um padrão com paleta de cores definida, formato de foto e fontes. Assim, sua marca será lembrada automaticamente nas publicações.
- Investir em posts pagos, caso queira mais agilidade no crescimento do negócio. Esse tipo de ação ajuda a atingir seu público-alvo.
1. Quais redes utilizar?
WhatsApp, Instagram e Facebook são essenciais para fazer vendas on-line, diz Ivan Tonet, do Sebrae. Mas não se deve esquecer de Linkedin, para temas mais relacionados ao mercado de trabalho (como cursos de administração, finanças, etc), além do mais novo de todos, o TikTok.
De origem chinesa, o aplicativo tem grande alcance entre o público mais jovem. Em vídeos, o Youtube também pode potencializar o seu negócio, principalmente pela facilidade de compartilhamento das publicações da plataforma.
No caso do WhatsApp, não basta utilizar a versão convencional, é importante ativar o WhatsApp Business para tocar os negócios da empresa. O app também é gratuito, mas traz algumas ferramentas para ajudar no contato com o cliente, como a criação de um perfil empresarial, envio de respostas automáticas e catálogo de produtos.
Instagram e Facebook também oferecem perfis para empresas, que permitem um monitoramento profundo sobre o engajamento do público.
2. Ficar de olho no impacto dos posts
“É importante para o empresário ficar sempre atento aos resultados que as postagens têm”, explica Tonet, do Sebrae. Por isso, ficar de olho em comentários, compartilhamentos e curtidas é essencial para saber o que dá certo.
O público-alvo para o qual vai vender seus produtos ou serviços deve ser definido durante a elaboração do plano de negócios do empreendimento, documento de referência para mensurar os riscos, avaliar alternativas e evitar decisões erradas.
Conhecendo bem o que seu público deseja, qual tipo de produto quer comprar e até as suas preferências comportamentais e políticas, fica mais fácil saber qual conteúdo ter nas postagens. Mas para lapidar o processo, somente com tentativas e erros.
“Eu errei muito no começo, mas consegui corrigir muito rápido”, diz Natali. “A questão mesmo é ter dedicação”.
3. O que postar nas redes, além das ofertas
O Sebrae diz que as redes não servem apenas para divulgar promoções, muito pelo contrário. Além de mostrar os seus produtos também é necessário fazer um planejamento sobre como utilizar cada uma das plataformas, com postagens para atrair seu público. Entre as temáticas indicadas por especialistas do setor estão:
- Bastidores da produção (por exemplo, o processo de manufatura de pães ou costura de roupas).
- Valores da empresa (pontos que são a base de identidade de sua marca, como produção de alimentos saudáveis, eficiência em entregas, agilidade, limpeza, qualidade, entre outros).
- Responsabilidade social do produto (mostrar ações de benfeitoria da empresa, como doação de produtos excedentes, uso de material reciclável, etc).
Para Tonet, do Sebrae, é preciso utilizar toda a potencialidade das redes. O Instagram, por exemplo, permite postar no feed (fotos e vídeo), stories (vídeos curtos, enquetes, espaço para perguntas), IGTV (vídeos longos) e Reels (vídeos curtos, com edição e efeitos, similar ao TikTok).
“É importante gerar engajamento, trabalhar interações, enquetes e criar grupos”, diz Tonet.
Uma estratégia é fazer publicações cruzadas entre todas as suas redes. Por exemplo, divulgando “pílulas”, vídeos pequenos no Instagram e Facebook, e depois o vídeo completo no Youtube.
4. Humanizar o negócio
Ser sua própria garota-propaganda ou o modelo de sua empresa pode ajudar a humanizar o seu negócio e aumentar o engajamento nas redes. Natali, da LF Comprinhas, criou sua marca há 8 anos.
Ela conta que a exposição tem partes positivas e negativas. “Algumas vezes é um sacrifício. Você ficar muito exposto pode trazer uma carga pesada”, diz. Mas com a vulnerabilidade mostrada nas redes, ela vê como seus seguidores a apoiam. “Se falo que estou doente, aparece um monte de gente querendo ajudar”.
Ivan Tonet, do Sebrae, diz que não existe uma regra sobre o quanto o empreendedor deve se expor. “O importante é que o consumidor gosta de saber que existe uma pessoa por trás da tela, é importante humanizar”, afirma.
5. Ter constância, mas não ser chato
É preciso ser visto para que as pessoas saibam de seu serviço, então as postagens devem ter constância. O Sebrae indica que faça ao menos uma postagem por dia nas redes sociais. Uma maneira de manter sua rede ativa é manter publicações agendadas.
Veja a medida indicada entre as postagens:
- 80% das postagens devem ser de assuntos gerais (bastidores da produção, informações sobre a empresa, curiosidades sobre o segmento que atua).
- 20% reservados para ofertas e anúncios de produtos específicos.
Mas o exagero em publicações pode ser prejudicial. Em excesso, o conteúdo pode afastar o público, ao invés de atrair.
6. Capriche nas fotos e vídeos
Então é sair postando qualquer tipo de imagem do produto ou do seu dia-dia? Errado. Do mesmo modo que a empresa possui um logo, uma marca, as postagens devem seguir um padrão, um estilo.
Depois de começar sozinha cuidando de suas redes, a empresária Natali viu seu negócio crescer e hoje conta com duas funcionárias para cuidar das postagens. “Eu oriento que quero passar uma imagem. Tudo que a gente posta tem que ter a ver com aquilo”, explica.
Nesse caso, é preciso definir uma “persona”, a imagem de quem é o consumidor. “A nossa é uma mulher forte, independente, louca, que ninguém vai calar. Mas ela também quer estar maravilhosa, bebendo um vinho”, define Natali.
Para conseguir mais bagagem sobre tendências, o empreendedor tem que estar ligado na concorrência, além de buscar diversos conceitos em livros, podcasts e cursos. Uma dica é utilizar aplicativos gratuitos que ajudam a customizar as postagens e tratar fotos.
Entenda as partes técnicas para os posts:
Paleta de cores – são cores que possuem uma harmonização entre si. Na internet existem aplicativos e sites que ajudam a definir padrões de cores que combinam.
Formato das fotos – é a maneira de recorde de cada imagem. Por exemplo, no Instagram é indicado manter sempre o mesmo formato da foto (quadrado ou wide) para que o sua página fique com aspecto organizado.
Fontes – são os tipos de caracteres e letras. Definindo uma como base, sua empresa terá uma identidade mais fácil de reconhecer.
7. Invista em tráfego pago
O Sebrae indica, caso queira acelerar o processo em busca de seguidores, que invista em posts patrocinados. “[Contar] Somente com a estratégia de crescimento orgânico vai te dar um resultado vagarosamente”, explica Tonet, do Sebrae.
Além disso, as empresas oferecem alcance a um público-alvo específico nas postagens pagas. “Vai acelerar a rede a chegar ao público que gosta”, diz. Um valor base para gastar por dia é de R$ 10 em publicações com impulsionamento.