Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia de Covid-19, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello atribuiu a criação do aplicativo TrateCov à secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, Mayra Pinheiro. A “capitã cloroquina”, como ficou conhecida, prestará esclarecimentos à comissão na terça-feira (25).
De acordo com o militar, no entanto, o aplicativo nunca foi lançado de forma oficial, apenas o protótipo. Ele ressaltou ainda que a divulgação ocorreu de forma indevida por “um cidadão que a copiou”.
“A plataforma nunca entrou em operação. Foi apenas apresentado o protótipo em desenvolvimento e foi copiado por alguém. E tem um relatório policial sobre isso”, afirmou o general.
Em 13 de janeiro, porém, em meio à crise do oxigênio em Manaus, o Ministério da Saúde divulgou o aplicativo de forma oficial. A nota informativa, que já foi tirado do ar, dizia que 342 médicos manauaras já estavam aptos a usufruir da plataforma. O site da Casa Civil e a TV Brasil também anunciaram o lançamento.
Oito dias mais tarde, em 21 de janeiro, a plataforma foi tirada do ar. Em nota, o Ministério informou que o aplicativo era um “projeto-piloto” e não funcionava oficialmente, e que era apenas um “simulador”.
“No entanto, o sistema foi invadido e ativado indevidamente – o que provocou a retirada do ar, que será momentânea”, disse a pasta na época.
No mesmo dia, o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu um comunicado em que diz ter solicitado ao Ministério da Saúde a “retirada imediata do ar do aplicativo TrateCov”.
De acordo com o órgão, a ferramenta não preserva o sigilo das informações e não deixa claro como serão utilizadas, permite o preenchimento por pessoas não especializadas e induz à automedicação, além de assegurar “validação científica a drogas que não contam com esse reconhecimento internacional”.