Todos os dias, as células do nosso corpo precisam de um componente primordial para que tenhamos energia para realizar as tarefas: a glicose.
Popularmente conhecida como “açúcar no sangue”, esta substância é produzida principalmente no fígado, nos rins, ou obtida através da dieta com o consumo de carboidratos e gorduras.
E para que a glicose entre nas células, elas precisam da ajuda de outro elemento muito importante: a insulina.
Claro que esta dinâmica precisa estar harmônica para que os níveis de açúcar no sangue fiquem equilibrados. O problema é quando não há insulina suficiente, ou o trabalho de abrir as portas das células e permitir a entrada da glicose não é realizado de forma adequada. Aí, os níveis de açúcar no sangue ficam alterados, o que pode desencadear no desenvolvimento do famoso, e tão temido, pré-diabetes ou do próprio diabetes em si.
E algumas situações do dia a dia podem facilitar esta alteração da glicose sanguínea. Conheça algumas:
Uso de certos medicamentos
Tais como antibióticos, descongestionantes com pseudoefedrina ou fenilefrina, diuréticos, antidepressivos e, principalmente, os corticoides.
“Estes medicamentos interferem no metabolismo do açúcar no próprio corpo ao aumentar a produção desta substância pelo fígado, como também fazer com que as células demorem mais tempo para usar este açúcar. Ou seja, a glicose fica disponível mais no sangue do que nas células”, explica Augusto Santomauro, endocrinologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Com o fim do tratamento, é natural que os níveis de açúcar voltem ao normal. Mas, em pessoas predispostas ao diabetes, inclusive aquelas que já possuem a enfermidade, é importante conversar com o médico para que ele tome as medidas necessárias a fim de evitar problemas.
Logo de manhã…
Neste período, os níveis de açúcar no sangue podem ser mais altos, o que se torna preocupante em pessoas diabéticas. Isto porque, na manhã, acontece o pico de uma série de hormônios que aumentam a glicose. Entre eles estão o cortisol, o hormônio do crescimento (GH), a adrenalina, a testosterona, para os homens e o estradiol, para as mulheres.
Em quem não tem diabetes, mesmo com este aumento nos hormônios, a glicose deve se manter abaixo de 100 miligramas por decilitro. Se estiver maior, é preciso buscar ajuda médica.
Mas, mesmo assim, medir o nível de glicose quando se acorda, em jejum, é de extrema utilidade para orientar o tratamento. “Os melhores horários para realizar as glicemias são em jejum, antes do almoço, antes do jantar, duas horas após almoço e jantar e ao deitar. Estas orientações de horários são necessárias em diabetes tipo 1 e tipo 2 mal controlado, que necessita de correções da medicação”, aponta Roberto Raduan, endocrinologista e coordenador do Departamento de Complicações Agudas e Hospitalares da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).
No ciclo menstrual
Assim como no jejum, as alterações hormonais que ocorrem no corpo da mulher, principalmente no período pré-menstrual, podem aumentar os níveis de glicose no sangue.
Por isso, para as mulheres com diabetes, é importante conversar com o ginecologista e também com o endocrinologista para que ambos apontem tratamentos adequados.
Para quem não tem a enfermidade, o próprio corpo consegue trabalhar para equilibrar estes valores.
Não dormir o suficiente
Várias noites de insônia, ou sem o descanso o necessário, podem causar distúrbios no metabolismo do nosso corpo. Isso porque ocorre a liberação de vários hormônios ligados ao estresse, como o cortisol e a catecolamina. O resultado disto é a elevação na glicose sanguínea, o que pode ser ainda mais grave para os diabéticos.
Além disso, o sono ruim piora o acúmulo de gordura visceral e predispõe a resistência insulínica, e ambos podem levar ao diabetes.
Para ajudar no controle do açúcar no sangue, a matemática é simples: alimentação equilibrada, evitando o consumo de produtos industrializados, ultraprocessados e embutidos, além da prática de atividade física, por, pelo menos, 30 minutos, de 3 a 4 vezes na semana.
Como verificar a glicemia?
Para saber como está o nível de açúcar no nosso sangue, existem duas formas mais tradicionais. O exame laboratorial, que é indicado principalmente para quem não tem diabetes, e por meio da chamada glicemia capilar, que, geralmente, é prescrita aos pacientes com a enfermidade.
Esta medição é feita com a ajuda do glicosímetro, aparelho que faz a leitura da glicose através de uma gota de sangue, geralmente da ponta do dedo. “Também existem sensores que ficam na pele por determinado período (em torno de 7 a 14 dias) e que medem o açúcar de forma quase contínua (a cada 1 ou 5 minutos) e enviam os dados para um aparelho monitor. Assim, é possível saber as variações de glicose ao longo do tempo e até sua tendência, se está estável, subindo ou caindo”, conta Larissa Almeida, endocrinologista do HU-UFPI (Hospital Universitário do Piauí, da Universidade Federal do Piauí), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).