informação de que quatro jogadores argentinos mentiram para entrar no país, e mesmo assim entraram em campo contra a seleção brasileira, à revelia do que determinou a Anvisa, a maior autoridade sanitária do país, é um dos maiores escândalos futebolístico desta pandemia. O quarteto foi retirado de campo na marra 5 minutos após o início do jogo, uma vergonha. E a Argentina mandou o time todo sair. Patético.
A informação que circula é as federações brasileira e argentina trabalharam junto a membros do governo para que os atletas fossem deportados apenas após o jogo. Oras, o que apitam a CBF, a AFA, a Conmebol ou quem quer que seja nas regras sanitárias do nosso país? Ainda mais em meio a uma pandemia? Inacreditável. Acham que o Brasil é um circo (apesar de parecer)?.
O caso todo em si mostra, primeiro, a inoperância das regras de acesso ao país. Afinal, é notório que os quatro atuavam no futebol inglês, inclusive escalados nas partidas do último fim de semana. Depois, o mau-caratismo dos argentinos, que ignoraram as leis brasileiras, falsificaram documentos, enganaram autoridades e ainda deixaram o gramado de forma ridícula.
Em terceiro lugar, a Anvisa, que é um órgão de saúde regulador e independente, determinou que os quatro fossem deportados do país ainda por volta de meio-dia. Ainda restavam pouco menos de quatro horas para o jogo. Por que diabos a Polícia Federal não agiu rápido e os retirou do hotel onde estava concentrada a delegação argentina?
Outra coisa: se a Anvisa e a Polícia Federal chegaram com antecedência ao estádio, por que esperaram a bola rolar? Para aparecer na transmissão, mostrar serviço ao vivo em rede nacional? Se foi isso, conseguiram: a ação virou notícia no mundo inteiro. E não que seja algo bom. Um “papelão mundial”, segundo o Olé, maior jornal da Argentina. Concordo.
Por outro lado, segundo fontes que estavam no estádio, os agentes da Anvisa e Polícia Federal tentaram abordar os argentinos no vestiário, mas, aparentemente, a delegação trancou o local. Se a informação for verdadeira, acham que a maior crise sanitária em 100 anos é um jogo de Libertadores da América, para fazerem catimba e agirem como querem?
Fossem os ricos jogadores argentinos meros brasileiros comuns, de preferência sem recursos financeiros, que tivessem utilizado de informações falsas para ingressar no Brasil, alguma dúvida de que seriam jogados para dormir atrás das grades assim que pisassem no país, sem direito a fiança?
Além do que, o Brasil teve vários jogadores ingleses importantes que poderiam estar no elenco, mas ficaram de fora: Alisson, Gabriel Jesus, Roberto Firmino, Fred, Ederson, Richarlison, Raphinha, Thiago Silva e Fabinho. Os argentinos por acaso são melhores que nós? Possuem algum tipo de imunidade contra o novo coronavírus que ainda desconhecemos?
Uma eventual liberação para que os quatro atletas atuassem, ignorando a lei que manda 14 dias de quarentena para viajantes oriundos da Grã-Bretanha (onde a variante Delta vem se espalhando), seria um tapa na cara do luto de tantas centenas de milhares de famílias brasileiras. Mais um para a conta em meio a tantos absurdos que somos obrigados a engolir todos os dias.
Mas, convenhamos, o que são quatro argentinos em campo perto do “rachadão da vacina”, Cova América e outras palhaçadas? Não existem surpresas no país de Jair Bolsonaro, CBF e outros personagens infames. Estamos à deriva!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL