A campanha “Não Esqueça a Hanseníase” iniciou, na segunda-feira (4), em Porto Velho, com uma solenidade no teatro estadual Palácio das Artes, com a presença de embaixadores e voluntários da causa e profissionais da saúde.
A campanha é uma iniciativa do embaixador contra a hanseníase na Organização Mundial da Saúde (OMS), Yohei Sasakawa, e busca resgatar a agenda de combate e conscientização da população sobre a importância do diagnóstico precoce e das chances de erradicação da doença.
Eliana Pasini, secretária municipal de Saúde, sempre esteve envolvida na luta pela erradicação da hanseníase em Porto Velho. “A pandemia da covid-19 fez com que muitas doenças e endemias fossem esquecidas pela população. Agora, com a pandemia controlada, estamos retomando o combate a algumas delas e a hanseníase é uma das prioridades. É uma doença muito cruel e que debilita o paciente”, explica a secretária.
Porto Velho é uma das primeiras cidades a aderir à campanha. Para a primeira-dama de Porto Velho, Ieda Chaves, ativista em várias causas sociais, a iniciativa chega em um dos momentos importantes de conscientização da doença.
“Nos últimos anos pouco se repercutiu sobre a hanseníase, mas o Município hoje faz o caminho inverso e busca resgatar essa pauta. O esforço é diagnosticar o quanto antes e evitar que os pacientes sofram sequelas irreversíveis”, afirma.
Uma doença milenar, a hanseníase continua a ser alvo de muito estigma social. Porta-voz da campanha e embaixadora da causa, a Miss Brasil Mundo, Caroline Teixeira, parabenizou o Município pela adesão ao ato. “É uma causa muito nobre e necessária. Não conhecia a cidade e fiquei bastante entusiasmada com a proatividade de Porto Velho sobre o tema. Acredito que esse é o caminho para erradicarmos a hanseníase aqui nessa região e no Brasil”, afirma.
DADOS
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravo e Notificação (Sinan), Porto Velho registrou em 2019 mais de 60 casos de hanseníase. No ano seguinte, o Município experimentou uma redução, registrando 39 casos. No entanto, nos primeiros nove meses de 2021, Porto Velho registrou 50 novos casos da doença.
Coordenador nacional do Movimento de Reintegração das pessoas atingidas pela Hanseníase (Morhan), Arthur Custódio explica que a preocupação atual são os casos ainda não diagnosticados que comprometem os esforços de quebra da cadeia de transmissão.
“No último ano nós observamos uma diminuição artificial de casos de hanseníase, isso porque as pessoas deixaram de ser diagnosticadas durante a pandemia. Esse fator faz com que aumente as chances de novas infecções, uma vez que as pessoas não iniciam o tratamento de forma precoce”, explica” explica o coordenador.
Segundo a OMS, o Brasil é hoje o segundo país com maior incidência da hanseníase e o primeiro no número de novos casos notificados. A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) trabalha hoje no diagnóstico e tratamento de pacientes.