É dia de prova no 5ª ano da Escola Municipal Maria Francisca de Jesus Gonçalves. Atento a cada detalhe, o professor José Roberto já planeja a aplicação da prova a outra metade da turma que não está presente.
É que o retorno das aulas presenciais na rede municipal de ensino tem sido parcial, ou seja, dos 35 alunos do professor, apenas metade pode estar presente, diariamente, na sala de aula. A outra metade executa as atividades de forma remota.
Atuando desde a década de 1990 na área da educação, José Roberto iniciou sua carreira ainda no Estado do Ceará, onde se formou e começou a ministrar aulas no Ensino Médio. O docente iniciou suas atividades em Porto Velho no ano de 2020, quando foi selecionado no concurso da Secretaria Municipal de Educação (Semed).
No entanto, a conquista foi ofuscada pela chegada da pandemia da covid-19 que desafiou o professor com mais de 20 anos de profissão.
“A pandemia, com certeza, foi o maior desafio na carreira de um professor. Reestruturar a nossa didática ao modelo remoto e híbrido não foi uma tarefa fácil, mas estamos correndo juntos para garantir que todos os alunos estejam, o quanto antes, na mesma condição de aproveitamento”, afirma.
A escola municipal onde o professor ministra aula está localizada dentro do residencial popular Orgulho do Madeira, zona Leste da capital. O condomínio concentra cerca de 20 mil moradores de diferentes classes sociais. Dedicando oito horas diárias em sala de aula, o professor afirma não ter como fechar os olhos para as variáveis sociais dos estudantes.
“Parte dos meus alunos enfrenta uma realidade social bem difícil e isso ficou bastante visível na pandemia, onde alguns deles não tinham sequer um aparelho celular ou acesso à internet para acompanhar as aulas. Mas, como professor, eu não desisti e hoje corremos para reverter os efeitos dessa disparidade”, afirma.
As estratégias foram as ações de busca ativa executada pela Prefeitura, atividades impressas e o apoio da tecnologia e grupos de mensagem, onde o professor busca manter os alunos e pais conectados ao cronograma de atividades e avaliações.
Os olhos atentos do professor também precisam ser exercitados fora da sala de aula. Durante a merenda e o momento de recreação, José Roberto precisa monitorar o uso correto das máscaras e o distanciamento entre os alunos.
Chamando cada um pelo nome, o docente afirma que os alunos reconhecem a importância do respeito e dos valores fraternos nesse momento de crise sanitária. “Eu amo a educação e, ao longo da minha carreira, aprendi que não somos professores apenas de matérias, mas ensinamos para a vida”, afirma.
De volta à sala de aula, é momento de correção das provas. O bom desempenho dos alunos é reflexo dos esforços do professor que entende a importância do seu papel no resgate da esperança e fé dos estudantes no futuro melhor.
“A nossa missão é cooperar para o desenvolvimento desses alunos, levar uma educação de qualidade e que transforme suas vidas, suas famílias e a comunidade. Mostrar que eles podem ser os empreendedores de suas vidas e agentes de mudança. Se conseguirmos isso já valeu apena toda a caminhada”, finaliza o professor.