Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (3), a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo afirmou que a coinfecção entre influenza e Covid-19 “não causa nenhuma surpresa” na comunidade científica. A especialista constatou que atualmente o Brasil se encontra diante de duas epidemias concomitantes e, por essa razão, há mais casos de coinfecção do que os notificados.
“No Brasil nós temos, na região Sudeste, em especial, duas epidemias concomitantes. Uma da influenza A, cepa H3N2, e ao mesmo tempo uma nova cepa de preocupação, a variante Ômicron”, afirmou. “Não vejo nada surpreendente. Certamente há outros casos além desses formalmente notificados às redes formais de notificação das secretarias de Saúde.”
Recentemente, casos de coinfecção, em que uma mesma pessoa é diagnosticada tanto com influenza quanto com Covid-19, vêm sendo notificados pelo mundo. O termo “Flurona” foi designado para esse tipo de infecção simultânea e foi usado pela primeira vez depois da identificação de um caso em Israel.
De acordo com a pesquisadora da Fiocruz, em um caso de “Flurona” a gravidade do caso e a eventual necessidade de hospitalização estão ligadas às condições próprias de cada pessoa. “O que levaria a um agravamento não é exatamente o papel de cada patógeno individualmente, são as condições próprias da pessoa. Ou seja, se é uma pessoa de mais idade, se ela é portadora de uma condição clínica, uma comorbidade que leve ao agravamento”, disse.
Dalcolmo ainda comentou sobre o avanço da variante Ômicron do coronavírus no Brasil. Para a pneumologista, ao que tudo indica a nova cepa compromete menos os pulmões dos infectados e causa casos mais leves da Covid-19. No entanto, a especialista considera que a Ômicron está avançando rapidamente pelo país e em breve pode ser a responsável pela maior parte dos casos.
“É muito provável que a Ômicron seja a cepa dominante no país. Pode se tornar dominante em algumas semanas como já se tornou nos Estados Unidos por causa da sua alta taxa de transmissibilidade”, afirmou a cientista.
O principal mecanismo de defesa contra a variante, segundo Dalcolmo, é a vacinação. A especialista também defendeu a imunização de crianças, e afirmou que a vacina “mostrou de maneira robusta e consistente muita segurança para essa faixa etária”.
“É uma questão da economia da saúde, quando morre uma criança, você não conta pela morte, conta pelos anos de vida perdidos. Então uma morte pediátrica significa muito para nós”, disse a pesquisadora da Fiocruz.