O Ministério da Saúde recomendou, nesta segunda-feira (17), que menores de 11 anos que receberam dose de vacina contra Covid-19 destinada a adultos devem ser examinados para descarte de qualquer efeito colateral grave. A informação foi publicada no site do Ministério da Saúde e vem depois da divulgação do caso de Lucena, na Paraíba, onde 48 crianças foram imunizadas, precocemente, com doses indicadas para adultos e, possivelmente, vencidas.
O ministro Marcelo Queiroga visitou o município, que fica localizado na Região Metropolitana de João Pessoa. Na ocasião, mães foram ouvidas sobre possíveis reações adversas depois da imunização. Houve relatos de reações comuns, como febres, dores no braço e sintomas gripais.
O Ministério da Saúde reiterou, em nota, que a responsabilidade quanto ao monitoramento das crianças é dos gestores locais da saúde de cada cidade e estado, e isso inclui o armazenamento correto, acompanhamento da validade dos frascos e aplicação das doses, seguindo à risca as orientações do ministério.
“Essas vacinas foram aplicadas de maneira inadvertida, é o que consideramos erro vacinal. São 48 crianças e incumbe às autoridades sanitárias locais e do Estado fazer essa vigilância”, disse Queiroga.
Orientações gerais
O esquema vacinal para crianças de 5 a 11 anos tem intervalo de oito semanas. O imunizante tem dosagem e composição diferentes da que é utilizada na dose para os maiores de 12 anos. A vacina para crianças será aplicada em duas doses de 0,2 ml. Outra diferença está na embalagem, a tampa do frasco da vacina tem a cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de vacinação e também pelos pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para serem vacinadas.
Entenda o caso de Lucena
Pelo menos 48 crianças foram vacinadas contra a Covid-19 com doses para adultos em uma Unidade Básica de Saúde (USB) da zona rural da cidade de Lucena, na Região Metropolitana de João Pessoa. A vacinação teria acontecido desde dezembro de 2021, e o fato veio à tona no sábado (15), após denúncia apresentada ao Ministério Público Federal (MPF).
A Prefeitura de Lucena já se posicionou sobre o caso, afirmando o quantitativo de crianças vacinadas de forma inadequada. Até o momento, o MPF ouviu uma das mães, que levou o caso à tona na última sexta-feira (14) utilizando as redes sociais como plataforma de denúncia, e a técnica de enfermagem responsável pela vacinação.
Em depoimento dado ao MPF na tarde do domingo (16), a técnica informou que aplicou as doses nos dias 29 de dezembro de 2021 e 7 e 11 de janeiro de 2022, ou seja, antes de iniciar o calendário de vacinação para crianças entre 5 e 11 anos, que começou no último sábado (15).
A vacina da Pfizer usada nas crianças fazia parte do lote FN3457, destinado a adolescentes e adultos. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) investiga se o período de 30 dias, que é o prazo máximo entre entrega e aplicação, já havia passado entre a distribuição para Lucena e aplicação nas crianças no dia 29 de dezembro. Caso seja confirmado, as vacinas são consideradas vencidas.
Em casos como esses, de prazos vencidos, a orientação é que os imunizantes sejam devolvidos à Secretaria de Saúde, para que sejam encaminhados ao Ministério da Saúde para incineração.