A invasão da Ucrânia gerou receios de que a Rússia usaria as redes sociais para justificar suas ações e até mesmo espalhar fake news. Por isso, empresas como Google, Facebook e Twitter tomaram medidas para limitar o alcance da mídia estatal russa. O governo de Vladimir Putin revidou e impôs bloqueios no país.
Nick Clegg, vice-presidente de assuntos globais da Meta, disse na última sexta-feira (25) que autoridades russas mandaram o Facebook parar de checar fatos de quatro órgãos da mídia estatal. A empresa se recusou, e o governo então bloqueou a rede social.
O NetBlocks, que monitora o acesso global à internet, confirma que os principais provedores da Rússia limitam o acesso a servidores do Facebook, o que também impacta o Instagram, WhatsApp e Messenger.
É possível driblar esse bloqueio usando serviços de VPN, o que não é trivial para muitos usuários – por isso, o tráfego do Facebook na Rússia deve cair significativamente.
⚠️ Confirmed: Facebook content servers are now restricted on #Russia's leading internet providers; the incident comes shortly after the restriction of Twitter as Russia clashes with social media companies over the invasion of Ukraine 📉
📰 Report: https://t.co/PzFZ662LyN pic.twitter.com/cOWMs731sO
— NetBlocks (@netblocks) February 27, 2022
O mesmo vale para o Twitter: de acordo com o NetBlocks, a rede foi bloqueada no sábado pelas principais operadoras russas, incluindo Rostelecom, MTS, Beeline e MegaFon.
“Acreditamos que as pessoas devem ter acesso livre e aberto à internet, o que é particularmente importante em tempos de crise”, declarou o Twitter em seu perfil oficial sobre políticas públicas.
Na sexta, o Twitter pausou propagandas e recomendações de algoritmo na Ucrânia e na Rússia. A empresa diz que o objetivo é “garantir que as informações críticas de segurança pública sejam elevadas e os anúncios não as prejudiquem”.
⚠️ Confirmed: Live metrics show that Twitter has been restricted on multiple providers in #Russia as of 9:00 a.m. UTC; the incident comes as the government clashes with social media platforms over policy in relation to the #Ukraine conflict 📉
📰 Report: https://t.co/ihPX8fb86s pic.twitter.com/nGrcHzjIXd
— NetBlocks (@netblocks) February 26, 2022
O Facebook, por sua vez, passou a impedir que a mídia estatal russa veicule anúncios em suas plataformas, além de cortar a monetização dos perfis, em qualquer lugar do mundo – não só na Rússia e Ucrânia.
No domingo, o Facebook restringiu o acesso a várias contas na Ucrânia, “incluindo aquelas pertencentes a algumas organizações da mídia estatal russa”.
E, no mesmo dia, a empresa retirou do ar uma rede que apresentava comportamento inautêntico coordenado, mirando em usuários da Ucrânia; o esquema era administrado a partir da Ucrânia e da Rússia. As pessoas fingiam ser de órgãos independentes de notícias e criavam perfis falsos no Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Telegram, Odnoklassniki e VK.
Google e YouTube limitam mídia estatal da Rússia
O Google também fez coro com as outras big techs. Veículos da mídia financiados pela Rússia não podem mais ganhar dinheiro com anúncios da rede Google Ads.
Isso vale inclusive no YouTube, que pausou a monetização de “vários canais russos ligados a sanções recentes” dos EUA. A plataforma vai recomendar vídeos da mídia estatal russa com menos frequência aos usuários. Alguns desses canais serão bloqueados na Ucrânia devido a uma solicitação do governo – incluindo o RT, ou Russia Today.
Além disso, o aplicativo da RT para Android será restrito dentro da Ucrânia: não é mais possível baixá-lo através do Google Play, e quem já o possui no celular não receberá atualizações.
Big techs vs. fake news
O YouTube informa à NPR que derrubou centenas de canais e milhares de vídeos nos últimos dias por “práticas enganosas coordenadas” e outras violações de políticas de uso.
A Meta abriu um centro de operações especiais para remover conteúdo relacionado ao conflito na Ucrânia que viole suas regras, seja no Facebook ou Instagram.
Enquanto isso, o Twitter vem analisando tweets “de forma proativa” para detectar informações falsas ou enganosas, além de proteger perfis de jornalistas, ativistas e funcionários do governo.
Com informações: Mashable.