Um “espírito maligno” estaria à solta no Japão depois que sua prisão de milhares de anos, uma pedra, se rompeu no mês passado. A chamada “pedra da morte” se partiu em duas em um parque do país.
Segundo uma lenda, essa rocha, que é conhecida como Sessho-seki, em japonês, aprisionava uma “malvada raposa de nove rabos” e quem a tocasse estaria “condenado à morte”.
A história da “pedra da morte” aparece num antigo livro de poesia. Por causa dela, turistas e curiosos visitam o Parque Nacional de Nikko, a 160 quilômetros da capital japonesa, Tóquio.
De longe, a pedra pode se confundir entre as centenas de rochas vulcânicas do parque. Por muitos anos, ela permaneceu intacta – e ninguém se atrevia a se aproximar dela com medo da vingança da “malvada raposa”. O motivo do recente rompimento é desconhecido, por enquanto.
O que diz a lenda?
Segundo o site do Parque Nacional de Nikko, a malvada raposa de nove rabos foi transformada em uma enorme pedra por um adivinho. Por conta disso, a pedra ficou “impregnada com a aura maligna da raposa”.
Ela teria sido então partida em três pedaços, e um deles seria justamente o Sessho-seki, encontrado no parque.
Chama atenção o fato de que nenhuma vegetação cresce ao redor da pedra – e por isso sua fama de maldita se espalhou.
Na verdade nada vinga por lá porque o solo do parque é impregnado com sulfeto de hidrogênio, um gás bastante tóxico.
Presente na literatura
A história da “pedra da morte” aparece no tradicional livro de haikais (poesia japonesa) “Oku no Hosomichi”, traduzido como “Trilha estreita ao confim” no Brasil.
Na publicação, ele narra que “O Sessho-seki está localizado em um recesso de montanha onde uma fonte termal flui”.
“O ar venenoso da pedra ainda permanece e o chão está coberto de tantas abelhas e borboletas mortas que você mal consegue ver a cor da areia”, diz o haikai.
O poema sobre a pedra descreve como os vapores tóxicos queimaram a grama durante o verão, deixando tudo em vermelho.
Mas o que quebrou a pedra?
Ainda não se sabe o que levou a “pedra da morte” a se partir em dois. A hipótese mais plausível, aceita pelas autoridades japonesas, é a de que ela se rompeu por causas naturais.
Ocorre que com o tempo, as chuvas, e as mudanças de temperatura, é possível que tenha se criado uma rachadura que foi aumentando e se abriu.