O cabeleireiro Neandro Ferreira fará uma sátira gay do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), durante o desfile da escola de samba Gaviões da Fiel em São Paulo.
“Será um Bolsonaro com muita pinta e samba no pé”, disse Neandro.
O samba-enredo da escola, intitulado “Basta”, fala sobre desigualdade social e as diversas facetas dessa divisão.
Neandro disse que ele usará uma faixa presidencial e estará acompanhado de uma bailarina que representará a primeira-dama, Michele Bolsonaro.
É a primeira vez que o cabeleireiro desfilará em uma escola de samba do grupo especial em São Paulo.
“Só aceitei desfilar porque o tema da escola me representa muito, é ‘Basta’. Estou super empolgado e isso me atraiu. Sou muito engajado na causa antifascista e o fato do enredo ser contra o Bolsonaro e pelo fim do machismo em nossa sociedade tem tudo a ver comigo”, disse ele.
“Chega de Bolsonaro, de machismo e de desigualdade social”, defendeu.
O enredo
O enredo aborda as desigualdades. “Alguns insensíveis esbanjam suas fortunas, enquanto milhares trabalham até a exaustão ou morrem de fome. Toda essa riqueza é fruto do sangue e do suor de incansáveis trabalhadores, que, dia a dia, se entregam a impiedosas jornadas de exploração e desrespeito”, afirma a escola.
A escravidão é um dos assuntos citados no enredo, que discute o papel dos senhores de engenho que enriqueceram através do trabalho de homens e mulheres escravizados.
Basta!
Autores: Grandão, Sukata, Jairo Roizen, Morganti, Guinê, Xérem, Claudio Gladiador, Ribeirinho, Claudinho, Meiners, Luciano Costa, Felipe Yaw, Marcelo Adnet, Fadico, Júnior Fionda, Lequinho, Fábio Palácio (Mentirinha), Leonel Querino, Altemir Magrão, Marcelo Valente, Sandro Lima e Rodrigo Dias
Intérprete: Ernesto Teixeira
Letra
Sou eu, o filho dessa pátria-mãe hostil
Herdeiro da senzala Brasil
Refém da maculada inquisição
Axé meu irmão!
O pai de mais um João e de mais um Miguel
Na mira da cega justiça que enxerga o negro como réu
Sou eu o clamor da favela
O canto da aldeia, a fome do gueto
Meu punho é luz de Mandela
No samba o levante do novo Soweto
Cacique Raoni da minha gente
Guerreiro gavião, presente!
Essa terra é de quem tem mais
Conquistada através da dor
As migalhas que você me oferece
Só aumentam minha força pra mostrar o meu valor
Meu lugar de fala, a voz destemida
Cabeça erguida por nossos direitos
Quando o fascismo do asfalto
É opressor à militância por respeito
O ventre das mazelas sociais
Ante ao preconceito vai se libertar
Vidas negras nos importam
O grito da mulher não vão calar
Meu gavião chegou o dia da revolução
Onde a democracia desse meu Brasil
Faça o amor cantar mais alto que o fuzil
Escute o meu clamor
Oh, pátria amada
É hora da luta sair do papel
Basta é o grito que embala o povo
Eu sou Gaviões, sou a voz da fiel