O deputado estadual Arthur do Val (União Brasil) anunciou, nesta quarta-feira (20), a sua renúncia ao mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O político era alvo de um processo de cassação e poderia perder o cargo após a análise dos demais parlamentares da casa legislativa.
Arthur é julgado por quebra de decoro parlamentar devido ao envio de mensagens de voz fazendo comentários sexistas sobre ucranianas que tentavam deixar o país para fugir da invasão russa. Os áudios foram gravados quando o político visitou a Ucrânia no início de março.
A renúncia ao mandato, no entanto, não faz com que o processo que corre na Alesp seja paralisado. Agora, os deputados estaduais irão decidir sobre os direitos políticos de Arthur, que pode ficar inelegível por oito anos.
Em nota, o político esclareceu que decidiu renunciar “em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia”.
Arthur ainda afirmou que os demais parlamentares “querem na verdade é me tirar das próximas eleições”. Após o vazamento dos áudios, ele retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo.
No dia 12 deste mês, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesp decidiu, por unanimidade, aprovar a cassação do mandato de Arthur.
O caso segue para a Mesa Diretora da Casa, que deverá validar o processo para que ele siga tramitando e, em seguida, a punição que será aplica ao político deve ser votada pelo plenário da Assembleia, que tem a palavra final sobre a decisão.
Confira a nota do político sobre a decisão:
“Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições.
Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito a defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política.
Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos.”
Entenda o caso
Do Val foi para a Ucrânia no começo de março para, segundo ele, “ver o que está acontecendo ‘in loco’”, durante a invasão do país pelas forças russas, lideradas pelo presidente Vladimir Putin. Ao sair do país, enviou mensagens de voz a um grupo privado nas quais faz comentários sexistas sobre as refugiadas ucranianas.
“É inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo se você dá bom dia elas ‘iam’ cuspir na tua cara. E aqui elas são supersimpáticas, super gente boa. É inacreditável”, disse.
“Mano, eu ‘tô’ mal. ‘Tô’ mal, ‘tô’ mal. Eu passei agora… são quatro barreiras alfandegárias. São duas casinhas em cada país. Mano, eu juro para vocês. eu contei: foram 12 policiais deusas. Deusas, mas deusas, assim, que você casa e, assim, você faz tudo o que ela quiser. Eu ‘tô’ mal, cara. Assim, eu não tenho nem palavras ‘pra’ expressar. Quatro dessas eram ‘minas’, assim, que você, tipo… mano, nem sei o que dizer. Se ela cagasse, você limpa o c* dela com a língua. Assim que essa guerra passar eu vou voltar para cá”, diz o deputado em outra mensagem de voz.
No sábado (5), ao desembarcar no Brasil, ele reconheceu a veracidade dos áudios e pediu desculpas pelos conteúdos vazados.
“Foi errado o que falei, não é isso que eu penso. O que falei foi um erro num momento de empolgação. Pelo amor de Deus, gente, a impressão que está passando é que cheguei lá e tinha um monte de gente e falei ‘quem quer vir comigo aqui que eu vou comprar alguma coisa?’. Não é isso, nem poderia. Inclusive nos áudios, de modo jocoso, informal, falo que não tive tempo de fazer absolutamente nada. Nem tempo para tomar banho, estou há três dias sem banho”, disse.