Choque de corpos planetários será observado pelo telescópio James Webb

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O telescópio espacial James Webb está em fase final de comissionamento e prontidão de seus instrumentos, mas já conta com uma agenda lotada para quando começar os trabalhos de fato – incluindo observar, em alta definição, o choque de corpos planetários dentro do turbulento sistema ao redor da estrela Beta Picoris, a 63 anos-luz da Terra.

Nós já fizemos observações desse sistema antes, com o Hubble e vários telescópios de superfície da Terra, o que nos permitiu descobrir algumas coisas interessantes: a região é completamente envolvida por um disco de destroços, vários corpos rochosos de variados tamanhos (incluindo alguns planetesimais, as versões primárias dos planetas) e pelo menos dois planetas muitas vezes maiores que Júpiter.

O anel de destroços e nuvens de poeira cósmica ao redor do sistema Beta Picoris, em captura feita pelo telescópio Hubble

Também sabemos que o sistema ao redor de Beta Picoris é relativamente jovem, com sua formação estimada de ter ocorrido há algo entre 20 e 26 milhões de anos. Por essa razão, ele inteiro é uma região bastante turbulenta – algo de especial interesse para os operadores do James Webb (NASA e ESA, respectivamente).

Isso porque, ao contrário de outros instrumentos, o telescópio espacial James Webb conta com sistemas de visão infravermelha tão poderosos que podem enxergar além da nuvem de destroços, efetivamente sabendo o que acontece dentro de um sistema tão jovem e em claro aspecto de evolução primária.

Um dos vários experimentos voltados a Beta Picoris é chamado “Ciclo 1”, e basicamente anseia observar o disco de destroços em detalhes, observando, com sorte, colisões diretas entre asteroides, planetesimais, exocometas (cometas de fora do sistema solar) e choques de vários corpos planetários, tentando entender como o resultado desses impactos na formação evolutiva de todo o sistema.

Mais além, esses impactos formarão nuvens mais finas e identificáveis, que poderão ser usadas para traçar padrões dos elementos encontrados dentro dela, identificar rotas de cometas e asteroides, além de analisar aspectos mais complexos, como a capacidade de refletir a luz em corpos aquecidos por impactos recentes.

O sistema Beta Picoris é cheio de objetos que podem produzir algum tipo de impacto, como choque de corpos planetários

Tudo isso no intuito de determinar o quão similar à Via Láctea – ou mesmo ao nosso sistema solar – é Beta Picoris: “o James Webb é bem mais sensível que qualquer outro telescópio espacial, o que nos dá a chance de procurar por essa evidência, bem como tentar encontrar vapores de água onde já sabemos que há gás”, disse Isabel Rebollido, pesquisadora pós-doutorado no Instituto de Ciências de Telescópios Espaciais (STScl), responsável pelos agendamentos de calendário do James Webb.

Segundo ela, o time sob seu comando já está desenhando mapas em vários pilares – ondas de rádio, infravermelho de baixa, média e alta proximidade, luz visível. Quando o James Webb capturar esses choques de corpos planetários e os detalhes das nuvens de destroços, as informações infravermelhas capturadas por ele vão atualizar esses modelos.

Tudo indica que isso deve começar ao final deste ano ou início de 2023, mas não há um calendário específico para esse tipo de observação, então os resultados podem demorar a sair.

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