Truss, que substituiu o Boris Johnson no comando do país, já vinha sofrendo uma forte pressão para renunciar por conta de um polêmico plano econômico que gerou revolta no mercado e dentro de seu próprio partido.
O plano previa um corte amplo e severo de impostos e, em paralelo, um empréstimo bilionário para cobrir o rombo nas contas públicas. A proposta foi muito mal recebida no país, em um momento no qual a inflação do Reino Unido ultrapassou os 10% – a maior taxa nos últimos 40 anos.
Em pronunciamento na porta de Downing Street, a sede do governo do Reino Unido, em Londres, Liz Truss , acompanhada de seu marido, disse que já informou sua renúncia ao rei Charles III . E que permanecerá no cargo até que o Partido Conservador escolha outro líder.
“Nós estabelecemos uma visão para imposto baixo e que nos permitiria disfrutar a liberdade do Brexit. Eu reconheço que não consigo entregar o mandato para o qual eu fui eleita”, declarou.
Mais cedo, o governo do Reino Unido havia negado que Truss deixaria o governo antes da data de implementação do plano, 31 de outubro, e o porta-voz da premiê reafirmou que ela cumpriria seu mandato.
Ao longo da semana, no entanto, a fila de parlamentares e membros do próprio partido de Truss que pedem a saída da atual líder, aumentou. Segundo a imprensa britânica, metade dos membros do Partido Conservador, a sigla que a premiê lidar, apoiam a renúncia.
Também na última semana, a nova líder perdeu dois ministros: o de Finanças, responsável pelo polêmico plano, e a do Interior, Suella Braverman, que renunciou na quarta-feira (19). A saída de Braverman, considerada a mais linha dura do governo de Truss, acelerou e aprofundou a crise.
“A primeira-ministra perdeu o controle do governo e a confiança dos parlamentares conservadores. Para o bem do país, ela precisa se demitir”, declarou o deputado Steve Double, do próprio partido de Truss.
Entrada turbulenta
A entrada de Liz Truss no governo também ocorreu de forma turbulenta. Truss substituiu Boris Johnson, que renunciou após uma série de escândalos envolvendo sua participação em festas privadas durante o período de lockdown do Reino Unido e a denúncia de abuso sexual por parte de dois alto cargos de seu governo.
Após uma disputada eleição interna, o Partido Conservador elegeu Truss para substituir Johnson.
Apenas três dias depois, no entanto, rainha Elizabeth II morreu, e o Reino Unido entrou em um longo período de luto e cerimônias de despedida que adiaram o início dos trabalhos do governo de Truss.