Considerada o ponto de partida para uma nova era da exploração lunar e do espaço profundo, a missão Artemis 1 decolou na madrugada da última quarta-feira (16) do Centro Espacial Kennedy, da NASA, na Flórida, com o objetivo de abrir caminho para a instalação da presença humana na Lua de forma sustentável.
O principal objetivo desse voo não tripulado é circundar nosso satélite natural para testar tecnologias essenciais para todas as outras missões do Programa Artemis, como o foguete Space Launch System (SLS) e a cápsula Orion, além dos sistemas de comunicação e de suporte de vida.
Depois deste, o próximo voo do megacomplexo veicular é esperado para 2024, com tripulantes a bordo da missão Artemis 2, que foi projetada para repetir o mesmo circuito, também sem chegar a pousar em solo lunar.
Isso, de fato, só deve acontecer entre 2025 e 2026, com a missão Artemis 3, que finalmente levará a humanidade a pisar de novo na Lua, mais de meio século depois da nossa última visita, feita em 1972, com a missão Apollo 17.
Primeiro cientista na Lua
Em 7 de dezembro daquele ano, três astronautas foram lançados a bordo do foguete Saturno V: Eugene (Gene) A. Cernan, como comandante, Harrison H. Schmitt, como piloto do módulo lunar Challenger, e Ronald E. Evans, como piloto do módulo de comando América. No dia 11, enquanto Evans permaneceu em órbita, Cernan e Schmitt entraram para a história como os últimos dos 12 homens que colocaram os pés na Lua.
O “ato final” do primeiro programa de exploração lunar da NASA foi digno de aplausos. A área de pouso do módulo Challenger, em um vale cercado de montanhas no limite do Mare Serenitatis (Mar da Serenidade), prometia ser um paraíso geológico a sudoeste das Montanhas Taurus e ao sul da Cratera Littrow. Conhecido como Taurus-Littrow, o local era um vale de piso plano em uma cadeia de montanhas quebrada, repleto de pedras roladas dos planaltos circundantes e inúmeras crateras escuras, provavelmente originadas de material vulcânico.
Apollo 17 tem alguns marcos que merecem destaque. Aquela foi a primeira vez que um cientista pisou na Lua. Geólogo profissional, Schmitt teve a oportunidade de investigar as características locais de perto. Outro fato importante é que essa missão foi a que mais tempo permaneceu na superfície lunar (75 horas). Além disso, foi o primeiro lançamento noturno de uma missão tripulada norte-americana e a última viagem espacial tripulada realizada por qualquer país para além da órbita terrestre.
Mais antiga rocha lunar intacta
Entre as amostras coletadas e trazidas para a Terra estava a mais antiga rocha conhecida sem choque (inalterada pelo impacto de meteoritos), chamada Troctolite 76535, que o Compêndio de Amostras Lunares da NASA considera “sem dúvida a amostra mais interessante retornada da Lua”. Com estimados 4,2 bilhões de anos, o exemplar oferece evidências de que, ao mesmo tempo, a Lua, como a Terra, teve um campo magnético gerado por um dínamo em seu núcleo.
Com a ajuda de seu rover, os astronautas registraram 22 horas de tempo de atividade extra-veicular (EVA) durante as quais viajaram mais 36 km, afastando-se até 7,4 km do Challenger, quase no limite do que era considerada a distância máxima para retorno em caso de possível falha do veículo de exploração sobre rodas.
Eles implantaram ou conduziram 10 experimentos científicos, tiraram mais de duas mil fotografias e coletaram cerca de 110 kg de amostras de solo e rocha em 22 locais diferentes.
“Aqui o homem completou sua primeira exploração da Lua”
Em 14 de dezembro, no final da terceira e última excursão sobre o rover, a dupla televisionou o descerramento de uma placa com a mensagem de despedida: “Aqui, o homem completou sua primeira exploração da Lua, dezembro de 1972. Que o espírito de paz em que ele veio se reflita na vida de toda a humanidade”.
Naquela mesma noite, Cernan deu o último passo da humanidade na Lua (até o momento), às 2h40 da madrugada (pelo horário de Brasília).
O módulo Challenger atracou com o módulo de comando às 22h10. Cerca de quatro horas depois, ele foi descartado, colidindo com a superfície lunar a cerca de 1,7 km/s. Depois de um dia e meio em órbita lunar, período durante o qual os astronautas lançaram um subsatélite, eles acionaram seu motor para retornar à Terra.
A cápsula Apollo 17 caiu no Oceano Pacífico em 19 de dezembro de 1972, às 16h24, após um tempo decorrido da missão de 301 horas, 51 minutos e 59 segundos.
Aquele foi o segundo voo espacial para Cernan e o primeiro para Evans e Schmitt. A tripulação de apoio contava com John Young, Stuart Roosa e Charles Duke. A cápsula do módulo de comando América está em exibição no Centro Espacial Johnson, em Houston, Texas.