De acordo Ifty Mahmud, um repórter do jornal “Prothom Alo” que deu uma entrevista para a revista americana “Time”, os bengaleses se identificam com o Brasil por causa da origem pobre de grande parte dos jogadores brasileiros e também pela cor da pele: “Pelé, Romário e Neymar têm pele escura, como nós, e o Brasil é pobre, como nós”, ele afirmou.
A torcida pela Argentina teria outra natureza: a rivalidade com o Reino Unido, ex-metrópole que explorou a região por mais de dois séculos.
Os sociólogos têm dificuldade em explicar o fenômeno do futebol em Bangladesh. “Muitas dessas pessoas não sabem onde ficam Brasil e Argentina. Não há laço de sangue ou língua, e ainda assim são loucos por eles”, disse à agência AFP Nehal Karim, professor de sociologia da Universidade de Dhaka.
As torcidas bengalesas não se mobilizam apenas para festejar Brasil e Argentina. Ao contrário, seu fanatismo também gera violência.
Em junho de 2022, sete pessoas ficaram feridas em uma briga entre torcedores dos times do Brasil e da Argentina.
Mais de 300 pessoas se envolveram na briga. Os torcedores jogaram pedras e tijolos nos rivais —o confronto, ironicamente, aconteceu em um campo de críquete nos arredores de Daca, a capital de Bangladesh.
O confronto deste ano não foi o primeiro. Em 2014, houve uma briga na cidade de Barisal —o conflito começou quando um torcedor do Brasil começou a cantar uma música que diz que o gol de Maradona contra a Inglaterra na Copa de 1986 foi irregular.
Em 2018, um menino de 12 anos morreu após ser eletrocutado enquanto colocava uma bandeira do Brasil em um poste.
A Copa do Catar começa no dia 20 de novembro.