Enem 2022 teve questões sobre Covid, doping e uma de matemática sem resposta; veja balanço dos 1º e 2º dias

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A aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 terminou neste domingo (20) com as provas de matemática e ciências da natureza (física, química e biologia), que trouxeram questões sobre Covid-19, torneio de times, doping, Anvisa e criação de empregos.

Uma das perguntas de matemática, porém, não tem resposta correta, segundo cursinhos ouvidos pelo g1. O gabarito oficial, com as 180 questões, deve ser divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na quarta-feira (23). No entanto, a nota final, que só sai ano que vem, não é simplesmente a soma dos acertos. É usado um método de correção “antichute” para calcular a nota.

No domingo anterior (13), tinha sido a vez da redação, cujo tema sobre comunidades e povos tradicionais foi elogiado, e das provas de linguagens e ciências humanas, que citaram a skatista Rayssa Leal, o cantor Chico Science e o estado democrático de direito.

Quem perdeu o Enem por um motivo justificado, como estar com Covid-19, poderá pedir a reaplicação até sexta-feira (25). Veja aqui como proceder.

Ansiedade

Antes das provas, os candidatos se divertiram com memes nas redes sociais e na porta do exame. A pedido do g1, estudantes escolheram a imagem com o meme que, na opinião deles, resumisse o clima no segundo dia de provas.

Em Goiás, as gêmeas Lara e Lana Cunha, de 18 anos, estavam esperançosas com o exame. As jovens querem cursar psicologia e fizeram a prova pela primeira vez neste ano. No Pará, muitos candidatos, prevenidos, chegaram cedo para não perder o horário e levaram mais de uma caneta, além da tradicional garrafinha de água e lanche. E houve até quem levasse toalha e papel higiênico.

No entanto, assim como em outros anos, teve gente que ficou do lado de fora. No Ceará, no primeiro dia de prova, a estudante Sarah Vivian Gomes até chegou ao local antes do fechamento dos portões, mas saiu para fumar e, quando tentou voltar, às 13h, os encontrou fechados.

Primeiro dia de provas

Considerado a “cara do Enem” por abordar um problema social, o tema da redação “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil” foi bem recebido por professores de cursinho, que o consideraram relevante e deram dicas de como abordar a questão.

Três indígenas macuxis e wapichanas sorriem em fotografia tirada em 1911 — Foto: Fotografia/Theodor Koch-Grünberg/Acervo/Maurício Zouein

Em tempos de COP 27 e transição de governo, nas redes sociais, pessoas de diferentes perfis apontaram que o momento atual é oportuno para debater o legado negativo do governo de Jair Bolsonaro (PL) no assunto.

A líder indígena Sônia Guajajara, uma das cotadas para ser ministra dos Povos Originários na futura gestão Lula, resumiu em um tuíte a forma como o tema foi recebido entre os indígenas.

“Desde a invasão em 1500 nossos direitos têm sido violados, sobretudo, nos últimos quatro anos onde declaradamente a atual gestão, que já derrotamos nas eleições, executava sua política de extermínio dos povos originários e comunidades tradicionais”, publicou a deputada federal eleita.
Sonia Guajajara em foto de 15 de outubro de 2022 — Foto: Reuters/Adriano Machado

Dos quatro itens que constavam como referência para os candidatos na redação, dois foram extraídos do g1. O primeiro era um trecho da reportagem “Gente do campo: descubra quais são os 28 povos e comunidades tradicionais do Brasil” e o segundo era uma adaptação de infográfico de outra reportagem sobre o mesmo assunto, cujo título era: “650 mil famílias se declaram ‘povos tradicionais’ no Brasil; conheça os kalungas, do maior quilombo do país”.

Quanto às provas, os docentes avaliaram que trouxeram temas relevantes e atuais, foram fundamentados em muita “leitura e contextualização” e acabou honrando a tradição do exame.

Segundo dia de provas

O segundo dia de provas, com matemática e ciências da natureza (biologia, física e química), foi considerado “trabalhoso” e “conteudista”, com formato mais similar às provas da Fuvest e da Unicamp, segundo cursinhos. Eles observaram que o exame trouxe muita contextualização do dia a dia, mas sem questões polêmicas.

“É uma prova que vai ser um pouco mais trabalhosa para os alunos porque não tem a conta pela conta, não tem o conteúdo pelo conteúdo”, avalio Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo.