Uma nova plataforma de compras online vinculada a um dos principais varejistas da China tornou-se rapidamente o aplicativo mais baixado nos Estados Unidos, superando a Amazon e o Walmart. Agora está tentando capitalizar com uma aparição no maior palco da América.
Temu, uma varejista online com sede em Boston que compartilha o mesmo proprietário da gigante chinesa de comércio social Pinduoduo, fez sua estreia no Super Bowl no domingo, dia 12.
A Temu, que administra uma superloja on-line para praticamente tudo – de produtos domésticos a roupas e eletrônicos – revelou um comercial durante o jogo que incentivava os consumidores a “comprar como um bilionário”.
“Através do maior palco possível, queremos compartilhar com nossos consumidores que eles podem comprar com uma sensação de liberdade por causa do preço que oferecemos”, disse um porta-voz de Temu em um comunicado.
O comercial de 30 segundos mostra a proposta da empresa para os usuários: sinta-se esbanjando comprando muitas coisas baratas. Um maiô feminino no Temu custa apenas US$ 6,50, enquanto um par de fones de ouvido sem fio custa US$ 8,50. Um aparador de sobrancelha custa 90 centavos.
Esses preços surpreendentemente baixos – pelo menos para os padrões ocidentais – levaram a comparações com a Shein, a novata chinesa de fast fashion que também oferece uma ampla seleção de roupas e artigos domésticos baratos e fez incursões significativas em mercados como os Estados Unidos.
A Shein é considerada uma das concorrentes da Temu, junto com a varejista de descontos norte-americana Wish e o AliExpress, do Alibaba, de acordo com a Coresight Research.
Subindo nas paradas
O Temu, que se pronuncia “tee-moo”, foi lançado no ano passado pela PDD, sua controladora listada nos Estados Unidos anteriormente conhecida como Pinduoduo. A empresa mudou oficialmente seu nome apenas este mês.
A subsidiária da PDD, Pinduoduo, é uma das plataformas de comércio eletrônico mais populares da China, com aproximadamente 900 milhões de usuários. Ele fez seu nome com um modelo de negócios de compra em grupo, permitindo que as pessoas economizassem dinheiro recrutando amigos para comprar o mesmo item em grandes quantidades.
Em seu site , a Temu diz que usa a “vasta e profunda rede de sua empresa controladora… construída ao longo dos anos para oferecer uma ampla gama de produtos de qualidade acessíveis”.
Desde seu lançamento em setembro, o aplicativo foi baixado 24 milhões de vezes, acumulando mais de 11 milhões de usuários ativos mensais, de acordo com a Sensor Tower.
No quarto trimestre do ano passado, as instalações de aplicativos nos EUA para Temu excederam as da Amazon, Walmart e Target, de acordo com Abe Yousef, analista sênior de insights da empresa de análise Sensor Tower.
“O Temu subiu para o topo das paradas das lojas de aplicativos dos EUA em novembro, onde o aplicativo ainda ocupa a primeira posição agora”, disse referindo-se às lojas de aplicativos móveis iOS e Android.
Yousef disse que a empresa foi particularmente bem-sucedida em adquirir novos usuários, oferecendo preços extremamente baixos e ofertas rápidas no aplicativo, como 89% de desconto em determinados itens.
A empresa já está de olho em um novo território. Este mês, Temu disse no Twitter que planeja expandir para o Canadá. Desde setembro, a plataforma está em funcionamento para os residentes dos Estados Unidos. Mas ainda não há previsão de quando o serviço vai ser oferecido ao Brasil.
‘Muito barato’?
Michael Felice, sócio associado da empresa de consultoria de gestão Kearney, disse que a Temu se destacou simplesmente por vender produtos sem grandes margens de lucro.
“A Temu pode estar expondo um espaço em branco no mercado em que as marcas têm produzido a um custo extremamente baixo e, ao longo da cadeia de valor, houve muito custo inchado repassado para margem”, disse.
“Dito isso, os consumidores americanos podem nem estar prontos para aceitar alguns desses preços… Sempre há a pergunta: ‘é barato demais para ser bom?’”
eborah Weinswig, CEO da Coresight Research, alertou que pode ser muito cedo para dizer se Temu será capaz de manter esses preços extremamente baixos, frete grátis e outras vantagens.
“A Temu pretende continuar a experimentar em marketing e ofertas, o que é possível graças à sua empresa-mãe rica em recursos”, escreveu ela em um relatório.
Seu lançamento, disse ela, “vem em um momento oportuno, pois os consumidores buscam valor em meio a uma inflação ainda elevada e um certo grau de incerteza econômica”.
